domingo, 31 de dezembro de 2017

Mantendo a tradição

Foto de Lia Tavares (Ilustração de Valderio Costa)
Temos uma tradição muito legal na minha família. Nos reunimos no final do ano em um evento intitulado Ferreirinhas e Ferreirões. É tipo um natal fora de época. Uma vez só fomos conseguir nos reunir em fevereiro...rs. Voltando à tradição. Neste encontro costumamos fazer um mural, onde colocamos todas as besteiras que falamos durante o ano. São coisas muito engraçadas, ridículas, às vezes. Aí fazemos uma eleição e a melhor "bestage" é premiada. O vencedor do ano anterior entrega o prêmio com toda pompa e circunstância. O legal é ver como as crianças curtem quando estão concorrendo. Este ano mesmo a nossa pequena vencedora foi a Luana que disse: "Nossa! Mamãe finalmente se animou pro Natal. Esse ano colocou até uma IRLANDA na porta".
Sabe o que é legal nessa brincadeira? Podemos rir de nós mesmos. Podemos ter a pureza da Luana e de todas as outras crianças. O erro faz parte de nossa vida tanto quanto os acertos. E esses nossos deslizes são compartilhados e acolhidos com alegria neste momento.
São momentos assim que alimentam nossa vida e nos fortalecem para as batalhas diárias. Nada melhor que estar perto de pessoas que amamos e dar muitas risadas e, de quebra, também ter espaço para compartilhar as coisas sérias da vida. Precisamos uns dos outros, precisamos dar e receber. Nesta troca vamos enriquecendo a nossa caminhada. Desejo estar sempre cercada de pessoas maravilhosas assim, que me nutrem, me inspiram. Elas estão na minha família, nos amigos maravilhosos que tenho. Desejo também que todos os que estão lendo este post tenham muitos momentos de "bestage" e que reconheçam a benção que é viver momentos de muito amor. Gratidão.

Anita Safer

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O que você vai ser quando crescer?

Foto de Luciana Arce (com Cleo)
Quando a gente é criança sempre nos perguntam: O que você vai ser quando crescer? É difícil entender o que estão perguntando, até porque não entendemos essa história de... quando você crescer... como assim? A gente já se acha gente grande. Mas sempre rola essa pergunta. Ainda lembro, mais ou menos, da conversa com meus coleguinhas sobre esse assunto. As respostas eram clássicas. Médicos, bailarinas, nenhum especialista no ramo funerário ou algo assim. Ah, tinha uma que queria ser Física Nuclear e essa criatura era eu. Eu não sabia o que fazia um físico nuclear e não sei até hoje, pra falar a verdade. Mas achava que era algo muito importante. Também achava que pra morar em Angra dos Reis tinha que ser físico nuclear e eu queria muito morar lá; pelas fotos era um lugar lindo. Mas não há sonho que o Ensino Médio e um professor de Física não possam destruir . Então mudei de planos e resolvi que seria fotógrafa. Não uma fotógrafa qualquer, mas daquelas da National Geographic, porque a gente nunca quer ser pouca coisa, né mesmo?
Dos meus colegas, a única que realizou o desejo de infância foi a que disse que queria ser dona de casa. Isso todos nós nos tornamos, meninos e meninas, independente do que o futuro profissional nos reservou. Fiz uma pesquisa, perguntei pra dez pessoas se elas se tornaram aquilo que desejavam ser quando crianças. Cem por cento respondeu que não. Sem margem de erro pra cima ou pra baixo. Então, não fiquemos tristes. O problema não está em nós e sim nessa maldita pergunta. 
Hoje, adulta, nem fotógrafa e nem física nuclear, surgiu uma nova pergunta. Essa sim, libertadora. Quem você quer ser?
Quem queremos ser? Que valores queremos cultivar? Que características temos que nos incomodam e queremos minimizar? Quais vícios queremos deixar de lado? Estas perguntas são importantes porque podem nos transformar em pessoas melhores. A mudança começa sempre pelo querer, pelo desejo de mudar. Se todos os dias me faço essa pergunta, reforço o que é essencial pra mim. Deixo de colocar a minha mudança nas mãos dos outros. "Não sou feliz por causa de tal pessoa", "não consigo realizar tal coisa por causa de..." O que eu quero? Quem eu quero ser? Eu quero ser uma pessoa mais saudável, mais eficiente, mais tranquila, mais ativa, mais amorosa? Veja que todas essas perguntas só se referem a nós e não aos outros. Tem uma frase do Chico Xavier que diz: Aos outros dou o direito de ser como são, a mim dou o dever de ser cada dia melhor.
Eu tenho gostado desta pergunta. Ela tem me provocado...rs. Faço a você essa provocação. Quem você quer ser? E pra ficar divertido, se quiser, comente neste post o que você queria ser quando criança. Isso vai ser bem legal! 

Anita Safer

domingo, 17 de dezembro de 2017

Cadê a cama que tava aqui?

Cama, gente, é um trem danado de bão. É algo que você deseja em muitos momentos. Tem aqueles clássicos, desnecessário comentar; vocês sabem quais... seus danadinhos. Na cama descansamos a carcaça velha depois de um dia exaustivo. Nela você deita pra ler um livro, ouvir música, senta com alguém pra conversar. As crianças adoram pular em cima ou se esconder embaixo dela. Nela você pode dar ou receber massagens relaxantes. E quando você tá gripado, o que te indicam? Vitamina C e...
Mas vou falar de um aspecto polêmico em relação a esse objeto com o qual tenho um profundo afeto. As camas, nos modelos que amo, estão em extinção. Elas mudaram, não são mais as mesmas pra mim. Passando por umas lojas de móveis um dia desses não consegui ver as boas e velhas camas de sempre. Apenas camas box. Sabe o que é uma cama box? Um colchão gigante em cima do outro. Não me entendam mal, não tenho nada contra colchões. Eu os amo, na verdade. Até mesmo porque uma cama sem colchão é como Claudinho sem Bochecha e eu, assim, sem você... Mas a cama box me priva de colocar meus sapatos embaixo dela; um desleixo gostoso que gosto de cultivar. Também não posso colocar a caixa de plástico cheia de fotografias antigas, da época em que as memórias eram reveladas. São camas muito altas e eu muito baixa... Sentiram o drama? E os ácaros que tem nelas? Pra eles a cama é um resort, praticamente. Enquanto escrevo lembro que meus gatos, se soubessem ler e escrever, seriam os primeiros a postar comentários indignados; afinal, tem lugar melhor pra afiar as unhas que uma imensa cama box?
Concordo que as camas precisam de um novo modelo, não podemos continuar destruindo florestas pra fazer camas de madeira.
Ok... Não são só as camas que estão ficando obsoletas, eu também to. Sei que muita gente gosta dessas novas, vai discordar de mim e fazer comentários... in box... (Não resisti ao trocadilho tosco...haha). Mas, fazer o que? Como diz o ditado: Quem faz a cama, deita na cama... Então, fui!

Anita Safer

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

No caminho da caminhada


Fui caminhar, depois de um bom tempo. Não que eu estivesse totalmente sedentária. A verdade é que agora sou uma pessoa acadêmica. Tô tentando frequentar uma academia... É um pouco difícil, lá é cheio de pesos que... PESAM. Aff. Sem contar que tenho a sensação de que fui enganada, porque olhava de fora pelo vidro e só via pessoas super saradas e gostosonas, achei que era só passar pela porta que eu ficaria também...hahaha. Mas vou tentando ser 'FINITS', como diz o cara num áudio que me mandaram. A saúde anda meio capenga, preciso me cuidar um tiquinho.
Bem, voltando à caminhada. Isso sim é felicidade. Descobri que estava morrendo de saudades dos grandes amigos que encontrava todos os dias. Digo grandes amigos, mas não sei seus nomes, o que comem, onde vivem. Mas sei que de tanto vê-los criei um laço de afeto. O primeiro que revi foi o admirável homem de bigode - que estava sem bigode - mas não me enganou, o reconheci assim mesmo. Ele é incrível, você pode caminhar a hora que for, ele sempre está lá. Um sorriso educado, os cabelos brancos. Às vezes caminha com a esposa, alta e séria, mas quase sempre caminha sozinho. E hoje ele correu. Acho que estava me mandando um recado, tipo, olha só como eu progredi nesse tempo em que você desapareceu. 
Tem o casal bonitinho. Eles estão sempre muito elegantes. Caminham devagar e pegam mangas no caminho. Parece que estão dando um passeio em uma cidade do interior. Uma graça.
Outro casal constante é mais agitadinho. Sempre que passam por mim eles param e ele fala algo galanteador... "Vou cantar uma música pra você: Ela não anda, ela desfila...". Coisas assim. Ela olha com aquele olhar de... "Tenha paciência, meu velho é meio ridículo". Mas eles se entendem e fazem parte do cenário.
Existem também as que caminham sozinhas. Uma é uma senhora nordestina que sempre que passa por alguém ergue o braço com o cotovelo flexionado e diz... "A paz de Cristo". Se você passar por ela vinte vezes, vinte vezes serás abençoado e assim eu continuo, na paz.
A outra não vejo sempre, deve ser ocupada. Mas ela dá um belo sorriso carioca. Acho que ela é carioca. O bom dia dela tem aquela cançãozinha chiada. Ela tem cor de carioca também, o que reforça minha teoria. Aquele bronzeado lindo e natural que nunca consegui ter. Minhas tentativas só me trouxeram cinquenta tons de vermelho. Mas tenho uma familiaridade com essa moça porque o carioquês dela me lembra minha amiga Kátia, que deveria se chamar Kátchxia, do tanto que chia...rs..
Então resolvi que vou reservar meus fins de semana para caminhar. Não posso privar essas pessoas queridas da bela pessoa que sou. Vai que eles também estavam sentindo minha falta e comentaram em suas casas... "Você não sabe quem eu vi hoje na caminhada..."

Anita Safer

A tal felicidade

Foto: Érica Perotto (Tirada de uma intervenção urbana)
Ele foi jogador de futebol, jogou no Corinthians, no Flamengo e pela seleção da Polônia. Hoje é motorista de caminhão e diz estar muito feliz. Foi numa matéria de TV que vi esta entrevista. Não lembro o nome dele, mas o importante é que ele está feliz, minha gente!
Muita gente acredita que a felicidade tem receita, tal qual bolo. Você tem que fazer uma faculdade, ter uma carreira de sucesso, ganhar muito dinheiro, ter uma aparência impecável, casar, ter dois filhos e um golden retriever que pulará feliz em um imenso e lindo quintal.
Essas exigências que são impostas vão deixando muito gente infeliz pelo meio do caminho. Deixam infelizes aqueles que procuram corresponder a essas expectativas, que na maioria das vezes, não são deles.
Mas então, onde está a tal felicidade? Depende. Onde VOCÊ encontra a felicidade? Onde EU a encontro? É individual essa busca. Há quem esteja feliz cercado de gente, outros são mais felizes sozinhos. O luxo e a fama, que fazem brilhar os olhos de alguns, não tem a menor importância para outros (veja o caso do jogador/caminhoneiro). Existem pessoas felizes em todas as profissões. Elas vivem em países diversos, podem viver em casarões ou casebres.
Mas a infelicidade quase sempre está em buscar viver uma vida que não é nossa, apenas pra agradar aos outros. 
Umas pessoas conseguem ser felizes quase o tempo todo; passam por dificuldades, decepções, coisas ruins e boas, mas sempre estão inteiras, alegres, cheias de vida e disposição. Outras nunca conseguem sentir-se felizes. Podem estar cercadas de coisas boas, mas sentem um vazio que toma tudo e não deixa espaço pra tal felicidade entrar. E tem também o Odair Jose que diz que: "Felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes". Eu até acredito na felicidade, mas concordo com o Odair, momentos felizes com certeza existem. Quero, sempre que possível, usufruir desses bons momentos. De toda maneira a vida é breve, um sopro. Nessa viagem tão curta é melhor, quando possível, curtir as paradas, a paisagem, a comida, as pessoas. O ônibus (ou carro) pode quebrar na estrada, o avião pode atrasar, mas ali na frente pode ter uma praia, lindas montanhas ou florestas que encherão nossos olhos por um momento de plenitude. E a vida, enquanto vida houver, segue...

Anita Safer

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Missão "gatíneos"

Foto: Liana Rocha
Recebi uma missão. Cuidar de três gatinhos durante a viagem de seus donos. Deveria ir ao apartamento todos os dias, colocar água e ração, limpar a areia e chamegar as fofurinhas. Tarefa das mais agradáveis e que me dá muito prazer. Mas eis que surge o inesperado, o imprevisível. Os viajantes esqueceram de deixar a chave de casa. Ai, meu Deus!!!
O jeito é chamar um chaveiro. Seu Antônio chega com todo seu conhecimento e parafernália. Diversas chaves de fenda, arames, uma mini furadeira, enfim, um arsenal digno do evento. Tudo inacreditavelmente alojado em uma pequena caixa de ferramentas. Coisas que a Física tem dificuldade de explicar. 
Começa o serviço. Enrosca... Puxa... Bate... Desparafusa e... NADA. A fechadura é o que há de mais eficaz em termos de segurança. Chave tetra é pros fracos. É um modelo mais sofisticado. Inabalável, inviolável. Mas Seu Antônio não é homem de se abater e está lá, suando às bicas. Os vizinhos vem e vão, tentando disfarçar a desconfiança diante do visível arrombamento. Eu explico a natureza do acontecido para um, dois, três. Lá se vão quase duas horas e minha mente começa a pensar num Plano B.  Me imagino confeccionando uma roupa de Mulher Aranha. Subirei pelas paredes de fora do prédio até o quarto andar. Ah, não posso esquecer o equipamento pra cortar a grade da janela. 
Custe o que custar cumprirei minha missão e salvarei os gatinhos. Seu Antônio também está imbuído do espírito heroico - O homem de ferro, talvez - e, embora exausto, não desiste nunca. Diz-se brasileiro.
Enfim um TRECK... E a porta se abre debochadamente. Como se nenhum esforço tivesse sido feito. Depois de palmas e pulinhos entro ansiosa no apartamento, pensando na agonia dos bichanos. Lá estão os três gatos, gordos, estatalados. Indiferentes a tudo, eles dão um olhar entediado e se ajeitam confortavelmente. Nenhum sorriso, nenhum miadinho de gratidão. Mas fazer o que, amo esse desinteresse felino. É o charme deles.
Seu Antônio está visivelmente satisfeito. Fala reiteradas vezes de quanto tempo não se sentia tão desafiado. Eu faço o que queria fazer desde o início. Encho os bichos de beijos, apertos, sem ligar pras tentativas de fuga de cada um. Faço tudo isso sem roupa de Mulher Aranha. Não preciso de disfarce, sou uma heroína... hehehe.

Anita Safer

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Eu passarei... Eles passarinhos!

Foto: Érica Perotto
Na quadra onde moro, moram também diversos tipos fofos de passarinhos. Um tipo em especial, nesta época do ano, costuma ter filhotes e vira um verdadeiro psicopata.
O pior é que esqueço deste perigo que me ronda e passo, distraída de tudo, na calçada em frente às árvores onde os indivíduos habitam.
Pronto, em instantes, me sinto a atriz do filme Os Pássaros, de Hitchcock. O bichinho sai atrás de mim bicando, impiedosamente, minha cabeça dura... TUC TUC TUC. Nem adianta me perguntar qual a espécie da criatura. Não consigo fazer o retrato falado. Tenho medo de olhar pra ele e ter os óculos quebrados e olhos furados.
Sempre me assusto... E me divirto.
Que bichinho danado! Cheio de personalidade. A quadra é grande, cheia de carros, apartamentos e pessoas (que pagam seus condomínios e IPTUs); mas o território é deles nestes dias.
Faríamos o mesmo se nossos ninhos e crias estivessem ameaçados, concordam? 
Claro que me preocupo porque o ninho fica próximo a um Jardim de Infância. Eles podem machucar as crianças e dói... Acreditem. Mas acho que o negócio é pessoal...rsrs.
Mas, fazer o que? É da minha natureza passar distraída pelas calçadas e é da natureza destes pássaros mostrar quem são os donos do pedaço.

Anita Safer

sábado, 21 de outubro de 2017

Ela aceitou...

Foto: Mônica Perotto
Fui convidada para o almoço de celebração do casamento da Jane. Fiquei muito, MAS MUITO FELIZ MESMO, com o convite. Fiquei também lisonjeada porque a Mônica, organizadora e bonita, ao me fazer o convite disse:

- Queria tanto que você falasse algo no microfone, tipo Anita Safer.

Ah, como eu gostaria de fazer isso, mas não sou boa com palavras faladas - a timidez atrapalha - é  por isso que escrevo. Desculpa, Mônica. Uma amiga costuma dizer que é difícil dizer não para pessoas bonitas. Imagina como foi difícil negar um pedido seu, que é danada de linda. Mas o André assumiu a função e arrasou. Fez uma homenagem brilhante que representou bem o sentimento de todos.
É interessante como a gente se emociona em algumas situações. O casamento da Jane me emocionou muito. Ela esteve presente em uma parte significativa da minha vida e guardo essas lembranças com muito carinho. Em um segundo voltei no tempo e me vi, anos atrás, jogando o I Ching (um oráculo chinês) pra ela. Ela perguntava se algum dia encontraria uma pessoa especial para amar. Embora o I Ching siga uma linha filosófica e não premonitória ou espiritual, ele indicou que o desejo do coração dela se realizaria; mas ela teria que ter paciência porque iria demorar. 
Lembro que naquele momento tive um sentimento forte de amor e desejei profundamente testemunhar esse dia. E o dia chegou. Foi necessário mesmo muito tempo para que ele chegasse. O amor é caprichoso, escolhe onde quer se aninhar. Usa os recursos que encontrar, no caso, as ondas de um rádio amador.  Para que ele se aconchegasse nos corações de Jane e de seu amado ele teve que superar o tempo, a distância e até a dificuldade da língua (ele é estrangeiro). Mas o que é o amor senão um encontro? Não um encontro qualquer, mas O Encontro. 
Não dá pra saber ao certo a razão pela qual uma pessoa se une à outra para compartilhar a vida, é um mistério, uma magia do Universo.
Quando alguém casa, os corações das pessoas que gostam dela ficam repletos de carinho, cuidados e mimos. Já perceberam que nos casamentos uma grande parte dos casais presentes trocam olhares de cumplicidade, como se estivessem renovando os votos? É que o amor é contagiante. 
A Jane acreditou, desejou e aguardou com paciência este momento. Mas não ficou sentada a vida toda esperando o tal amor acontecer. Ela viveu intensamente, exercitando a arte de amar e se relacionar com a família e amigos. 
Agora ela vai morar longe e construir uma nova família, com a benção de todos. 
Sou grata pela oportunidade de fazer parte deste momento tão especial. Jane, você estava linda esquecendo o buquê...hahaha... Mas sem esquecer de que é a protagonista de sua história e de que merece ser muito feliz.

Anita Safer


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Até tu, Thor?!

Semana passada fui à uma palestra, a convite de um amigo querido, proferida pelo psicólogo espiritualista Daniel Campos. Adorei! Ele explanou sobre diversos assuntos interessantes. Sobre como nossa personalidade é formada, a importância dos sonhos como canal de autoconhecimento, ego, personalidade dionisíaca, traumas e outras coisas mais. Tudo de maneira clara, descomplicada. Contextualizando num universo psicológico e espiritual. Dentre os assuntos abordados, um tema em especial chamou minha atenção - a necessidade de olharmos para nossas sombras. Pessoal, não é só o Thor que tem um mundo sombrio (os amantes de filmes de heróis vão saber de que filme estou falando). TODOS NÓS temos um lado sombrio. Não quer dizer que somos psicopatas de plantão. Quer dizer que temos um lado "trevoso"  dentro de nós e o ideal é termos contato com ele se quisermos ser pessoas melhores, mais humanas. 
Diversas vezes temos sentimentos negativos intensos, desproporcionais. Não adianta ignorá-los, eles ficão latentes. Nós os jogamos pra debaixo do tapete e basta um cutucãozinho externo pra que eles aflorem com toda a sua força. 
No livro Para que o Amor Aconteça, de Ceci Akamatsu, em um dos capítulos esse tema é abordado de maneira bem ilustrativa. A autora sugere que imaginemos uma casa abandonada. Ela é suja e empoeirada.  Nela estão acumuladas coisas com as quais não queríamos lidar. A primeira coisa a fazer, segundo a escritora, é encarar o desafio de entrar nessa casa e enfrentar o medo do obscuro e do mistério que lá habitam. Em seguida é hora de jogar luz nesse ambiente e começar a limpar cada cantinho. No começo será horrível, haverá muita poeira que levantará ao ser mexida, mas aos poucos ela irá se dissipando. 
É um exercício difícil, mas que vale a pena ser feito. Entrar em contato com as sombras e feridas interiores é sofrido. Uma ajuda terapêutica pode ser de grande valia. A intenção é harmonizar os sentimentos, não extirpá-los, pois todos eles são necessários.
Aí estaremos livres do nosso lado sombrio? Claro que não! Nem o Thor tá conseguindo... mas tá lá, de martelinho em punho, tentando transformar o mundo dele num lugar melhor.

Anita Safer

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Cada um no seu lugar

Foto: Liana Rocha

Canso de ver pelas ruas pessoas irritadas com o direito dos idosos em filas e meios de transporte. As vagas preferenciais são constantemente desrespeitadas. Um dia ouvi alguém dizer na fila do banco:
- Esses velhos já são aposentados e tem todo tempo do mundo, podiam esperar na fila e dar lugar pra pessoas como eu, que trabalham (lembrei de uma fala do Fernando Henrique, por que será ?).
Gente, a idade avançada, em muita gente, pesa. Doem as articulações. Os ossos se desgastam. A pessoa já enfrentou todo tipo de adversidade... Deixa elas quietinhas, usufruindo de um direito garantido POR LEI. 
Mas confesso a vocês que o que me consome é que eu, que ainda não sou preferencial, seja tratada como a avó das velhinhas.
Entrei no ônibus um dia e só ouvi os berros:

- Senhora, senhora, sente aqui por favor!!!!

Caramba! A mulher que me ofereceu o lugar devia ter a minha idade. Acho que ela queria posar de tchutchuca às minhas custas...hahaha

Na última eleição a mocinha da zona eleitoral chegou perto de mim na fila e disse:

- Senhora, a senhora tem o direito de passar na frente.

Respondi:

- Obrigada, querida, mas eu ainda não sou preferencial.

O rapaz, que estava à minha frente com o filhinho falou:

- Viu, filho, que bacana? Ela foi honesta, podia ter se aproveitado da situação e ter passado na frente.

Melhorou, passei de idosa pra uma "quase idosa" honesta.
Mas o tempo não para e logo estarei nesta situação de fato e de direito. É bom não ficar brigando contra isso. Aí espero que quando chegar o momento as pessoas mantenham esse chamego comigo e não me tratem como tratam  muitos idosos. Enquanto isso vamos todos fortalecendo as pernocas. Do jeito que a população da terceira idade está crescendo, em breve as filas preferenciais serão para menores de 59...rs.

Anita Safer

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Na seca

Foto: Tina Arce
Sugestivo esse título...hahaha. Não é bem sobre este tipo de seca que falarei agora. Seca é uma das palavras mais repetidas pelos brasilienses. Um período longo do ano que deixa nossa pele repuxando, coçando. O cabelo fica esturricado. A asma aparece e você procura o ar e ele não te preenche. Chegam as viroses. Todas as "ites" batem ponto... Rinite, sinusite, faringite, laringite. amigdalite... afff... Chego a pensar que vou dar de cara com um camelo na rua, pois a baixa umidade é comparada à dos desertos. 
A seca, pra compensar, nos traz a florada dos ipês, um trem danado de bonito de se ver, mas ficamos desejando chuva, pra encher nossos reservatórios. Fazemos racionamento de água (o que é necessário e louvável, pois água é ouro, é vida, é tudo de bom e está correndo risco de ser artigo de luxo). Limitamos os horários de atividades físicas... ops, falei limitamos pra parecer fitness... mentirinha... hehehe... Mas muitos de vocês limitam, que eu sei. Esse povo bonito que corre nos parques, enquanto eu fico só admirando e pensando... Quando crescer quero ser assim.
Voltando à chuva. Desejamos que ela caia, com toda a força do nosso coração de "centroesteano". Quando cai um pingo sequer é uma festa. Já queremos dormir, porque aquele barulhinho da chuva (exagero, foi só um pingo) dá aquela leseira. Mas quando a chuva vem pra valer, começamos a reclamar. Inundou de cá, inundou de lá, as calhas e bocas de lobo estão entupidas. devia ter consertado o telhado, deviam ter tampado os buracos na pista... Ai, minha chapinha... E por aí vai...
Acho que é da nossa natureza ser assim. Vivemos em estado de seca, secos do que nos falta. Desejamos o que ainda virá, acreditando que o que virá nos trará alegria, vai hidratar nossa alma. Quando temos o que desejamos não valorizamos, por vezes. Aí desejamos o oposto com a mesma intensidade. Seres cheios de incompletude. 
Quanto à natureza ela é dona de si, ela tem seu ritmo, ela traz seca, chuva, tempestades, tsunamis, tornados... Não há o que possamos fazer a respeito, a não ser cuidar melhor do planeta no que for possível, mas assim mesmo ela é magnânima e fará o que for da "natureza da natureza" fazer.
Nós temos que lidar com a nossa própria natureza e tentar domar nossas tempestades, secas e tsunamis de sentimentos. Nos abrigar nos lugares seguros durante nossos temporais pessoais; este lugar são as pessoas com quem podemos contar, nosso poder interno e resiliência. Nos hidratar com água, alimentação e roupas leves, alma leve, bons sentimentos quando a seca reinar. Mesmo durante nossos períodos internos de seca, vamos ver nossos ipês florescendo em nós, pra lembrar que sempre há algo de bonito pra nos inspirar. A vida é movimento, mudança constante e... eita, peraí, deixa eu correr ali na janela, parece que o tempo tá virando.

Anita Safer

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Peraí, tá tocando a "minha" música...

Ah, o poder da música! Ela nos molda, transforma, seduz. Cada um tem uma playlist de sua vida. Ao ouvir determinada canção somos arremessados de encontro a um momento, um sentimento.

_ Tô te mandando essa mensagem porque ouvi uma música do Beto Guedes e lembrei de você.

Essa foi uma mensagem que recebi. Verdade. Até eu lembro de mim quando escuto Beto Guedes...rs. Ele faz parte da matéria de que sou formada. Minhas moléculas musicais são compostas por muita gente: David Bowie, Peter Frampton, Clodo, Climério, Clésio, Cartola, Rita Lee, Metallica, Dominguinhos... E muito mais.
Cada um de nós já chorou ouvindo uma canção. Já pagou mico, riu, dançou, fez paródia. Os casais costumam ter uma "música tema". Algumas agências de publicidade criaram jingles que jamais foram esquecidos, tamanho o poder da música.
Já vi deficientes auditivos dançando ou tocando instrumentos; acho que a musicalidade transcende o som. Música é movimento, vibração. Ela está no balanço dos galhos de uma árvore, nas brincadeiras de criança, no vento soprando.
Às vezes criticamos o gosto musical dos outros. Bobagem. Somos diferentes. Que sejamos arrebatados pela música que nos traduz, nos alegra, nos faz pensar, protestar ou louvar, quem assim quiser.
Gratidão a todos os compositores, músicos, intérpretes, produtores e divulgadores que fizeram e fazem parte da minha história. Beto Guedes, tamos junto!
E você. que tá lendo este texto, com certeza tem uma trilha sonora... Vamos conversar sobre isso...

Anita Safer

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Um bilhete para as lembranças

Arquivo Pessoal
Era o último dia de agosto. Uma tarde no meio da semana. Sim, uma quinta-feira, mais precisamente. Lá estava eu, indo ao cinema sozinha.
Existe um shopping na cidade onde passam filmes que não são tão comerciais. Filmes europeus, indianos, brasileiros. Gosto de ir lá, no rompante, no escuro, sem saber o que assistirei. Tenho boas surpresas às vezes, outras não; mas gosto mesmo assim. A atmosfera de lá é diferente. Tem um que de retrô.
Quando cheguei na entrada da sala de cinema o senhor, que recebe os ingressos, me olhou com seu olhar descansado, de quem aguarda sem alarde.

- Não via a hora de você chegar - ele disse

Fiquei em silêncio, aguardando o desenrolar da história. Ele continuou:

- Ouvi o som do seu sapato e esperava pra ver quem chegaria com ele. Me lembrou o tamanco de madeira que as meninas usavam na minha juventude.

Procurei em seus olhos a decepção. Eu não usava tamancos de madeira, tampouco sou tão jovem. Mas seus olhos não me viam, viam apenas suas boas lembranças. Me sorriu generoso e agradecido enquanto me entregava o cupom carimbado. Eu sorri agradecida pela honra de compartilhar aquela viagem a emoções passadas, de pura poesia. Agradecida às minhas sandálias e ao som que fizeram, precedendo à minha chegada.
A sala escura me esperava para mais um filme. Ele pode me surpreender tanto quanto a vida.

Anita Safer

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O barulho dos quietos

Foto: Arquivo Pessoal
Em um mundo ruidoso é difícil, às vezes, ser uma pessoa mais quieta, silenciosa. Os silêncios costumam ser mal interpretados. Acham que quem cala, consente. Não, muitas vezes quem cala, sente. Sente, observa, pondera e... se achar por bem... consente.
O calado passa por orgulhoso, prepotente, cheio de si. No entanto, o calado, às vezes, só está tentando organizar o pensamento ruidoso.
O mundo do quieto é feito mais de sentimentos que de palavras. Muitas vezes a timidez impera. Pode não usar tantos gestos, demonstrações explícitas e sons agudos e graves que ecoam e sintonizam com o barulho que paira em volta de si.
Alguns quietos gostam apenas de ficar... quietos. Outros quietos gostam de estar rodeados de risadas, sons e movimentos produzidos pelos "não quietos", numa harmonia bizarra.
Existem muitas formas de ser e manifestar esse ser. E tem lugar pra todo mundo. Alguém sempre vai querer ouvir, em algum momento, o que uma pessoa quieta tem a dizer. 

Anita Safer

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Pasito, Pasito

Arquivo Pessoal
Ai, caramba! O povo inventa umas músicas que tocam o tempo todo, em todo lugar e colam na cabeça da gente. Confesso que até cantei no karaokê a tal Despacito. Enrolando a língua num portunhol medonho. O bom é que todo mundo canta junto num na na na... até chegar no DES PA CI TO. Aí é uma bagunça só.
Mas não tô aqui pra falar da música. É que ela ilustra algo que andei pensando. Não no sentido sensual da letra,embora o pasito pasito nesta área também não seja nada mal...rsrs... mas por citar o passo a passo. Por mais que eu sonhe e deseje, as coisas não acontecem instantaneamente. Se eu preciso emagrecer vinte quilos isso não vai acontecer como eu gostaria, tipo, dormir gorda e acordar magra. Preciso me esforçar pra eliminar grama por grama. Não ganho na Mega Sena e não tenho inclinação para roubar um banco, pois se assim fosse arrumava de vez a vida financeira. Ao contrário disso, preciso cortar gastos e contar cada centavo se quiser me equilibrar.
Para pessoas comuns tudo precisa ser feito aos poucos. Mas isso pode não ser tão ruim. A vitória conquistada tem um sabor de superação.
Portanto, lá vamos nós... Pasito, pasito, suave, suavecito... Ah não, essa música de novo...

Anita Safer

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

O poder infantil do não

Geraldo fotografado por José Carlos
Minha casa foi presenteada com a visita de uma criaturinha muita linda chamada Geraldo. Ele passou uma semana nos encantando com seu sorriso feliz, seus cabelinhos de Pequeno Príncipe (só que negros) e sua voz serelepe de uma criança de três anos de idade. Cheio de assuntos e curiosidades.
A predominância da palavra não nas falas de Geraldo me fez lembrar de Alice, filha da minha sobrinha, que quando tinha a mesma idade exercia, incansavelmente, o poder do não.

- Alice, quer suco?
- Não!... Quero suco

E tomava o suco satisfeita.

Quando ia pular de uma mureta:

- Alice, dá a mão, eu te ajudo...
- Não! Eu pulo sozinha!.... Me dá a mão...

Geraldo, por sua vez, vinha logo com a palavra assim que eu começava a cantar pra ele

- Não! Essa música é da minha madrinha, você não pode cantar (aliás, madrinha é a segunda palavra preferida dele. É muito amor...rsrs)

Na verdade acredito que seja a idade em que a criança está tomando consciência de sua individualidade e quer testar seu poder. É apenas uma fase, passa. Infelizmente, muitos de nós perde o poder do não pela vida afora. Vamos sendo ensinados a dizer sim pra tantas coisas que vira um hábito. O bom é dizer sim quando for pra ser sim e um sonoro NÃO, como os Geraldos e Alices nos ensinam, na hora de dizer não.
Agora é a hora em que vocês pedem pra eu parar com esse assunto e eu respondo:

- Não!... Vou parar

Anita Safer

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O que te cura?

Foto de Liana Rocha com Israel Rocha
Durante nossa vida passamos por muitos momentos difíceis, que nos fragilizam. Perdemos energia e nossa imunidade baixa. Não falo só da imunidade física, mas da imunidade de alma mesmo. 
Acho que pra momentos assim precisamos ter uma "farmácia" pessoal, que disponibilize nutrientes para enfrentar a batalha.
Mas o que nos cura? O que alivia nossos males momentâneos? Seria bom se, como em filmes de fantasia ou jogos de RPG, existissem antídotos para todo tipo de adversidade. Na vida real a coisa não é tão simples.
Talvez tenhamos que exercitar a aceitação, num primeiro momento. Identificar a origem da situação, vivenciá-la e depois partir em busca do que possa nos melhorar. Conversar com pessoas que nos compreendem, estar em lugar que gostamos, caminhar para espairecer. Orar, ouvir aquela música que traz alegria e paz pros nossos sentidos.
No fundo sabemos o que nos faz bem e o que nos debilita. Nosso corpo sente, nossa mente alerta, nossa alma reflete. 
Eu gosto de buscar minhas pequenas curas no carinho de quem me ama de verdade, numa caminhada, na dança, no canto, numa livraria grande - onde possa sentar, tomar um café e escrever, como faço agora.
Para males diferentes, remédios diferentes.
Se uma boa parte das dores que sentimos vem de dentro de nós - da nossa maneira de lidar com frustrações e adversidades, por exemplo - é razoável pensar que a solução também esteja no ambiente interno.
Entre chazinhos de coragem, comprimidos de afeto e compressas de bons momentos e fé vamos nos curando e seguindo a vida; ela é desse jeitinho.
Pra todos nós, saúde!

Anita Safer

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

O que te impede de ser livre?

Foto de Dayane Oliver com Liana Rocha
Sempre que a asma deixa eu vou caminhar e, de uns tempos pra cá, flerto com a corrida. É uma piscadela só, uns cinquenta, cem metros a cada volta. Acredite, isso é o suficiente pra eu botar os bofes pra fora. Não os "bofes", hoje conhecidos como crushs. Não to com essa bola toda pra ter que colocá-los pra correr. Confesso que também não tenho disposição pra correr atrás deles. 
Então, estava toda empolgada com essa minha tentativa de corrida quando comentei que esse pouquinho que corria me dava uma sensação incrível de liberdade. Eis que me atiraram uma pergunta na cara, à queima-roupa: "E o que te impede de ser livre?"
O que me impede de ser livre? Penso eu desde então. Desde que comecei a pensar nisso sinto que me liberto um pouco mais a cada dia. Percebi que sou responsável por minha própria prisão. Acredito que cada um de nós está aprisionado a algo. Pode ser a relacionamentos infelizes, empregos insatisfatórios, estilos de vida incompatíveis com nosso desejo. Podemos estar presos às opiniões alheias ou mesmo às opiniões próprias inflexíveis. Prisioneiros do medo, dos vícios, de uma rotina massacrante...
De todas essas prisões podemos nos libertar. São algemas imaginárias, celas povoadas  de limitações a que nos submetemos.
Já encontrei a resposta pra pergunta. Já sei o que me impede de ser livre. Sou a minha própria carcereira. Agora é abrir as portas e tentar concluir a maratona, onde comecei a correr alguns metros.
E você, o que te impede de ser livre?

Anita Safer

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Objetos espertos estão por perto

Foto: Érica Perotto
Ando maravilhada e espantada com o tanto que o mundo tá ficando sabido. Os objetos estão cada dia mais inteligentes. Fui ao shopping e a escada rolante não estava rolando - crise de identidade, será? Só sei que ela tava lá, estática, só enrolando (mas não rolando, como já disse). Pensei que era economia de luz por causa da crise, mas foi só colocar um pézinho no degrau que VUPT, ela começou a rolar e eu quase rolei junto. A danada, além de inteligente e ter sensor de contato, deve se divertir às nossas custas.
Mundo tecnológico versus humana vintage. Muitas emoções. Os elevadores, minha gente, cada dia tem mais assunto pra tratar com a gente. Eles falam o tempo todo... Subindo... Descendo... Quarto andar... Como vai a vida? (Essa última não, mas acho que é porque ainda não temos muita intimidade).
Nos banheiros as pias jorram água, sabão e papel sem que a gente precise encostar. São meio temperamentais, já percebi, não curtem muito contato físico. Só não entendo aquele ar que tenta em vão secar nossas mãos, mas não consegue. Deve ser o menos brilhante da família.
Os carros, então, estão cada dia mais espertos. O perigo são os celulares conectados a eles. Você não pode falar o o nome de alguém que ele já liga pra pessoa. Você tá conversando no carro com alguém e diz... "Sabe o fulano?"... aí o celular TUTUTU, liga pro Fulano e você tá dizendo... "Fulano não vale nada". Acabou uma amizade.
Eu vou tentando me adaptar, me modernizar e prestar atenção onde piso, porque se pensar que só queria esticar as pernas um pouquinho algum equipamento tecnológico pode ouvir e, inteligentemente, vai me fazer parar no fundo de um caixão.

Anita Safer


sábado, 22 de julho de 2017

Somos belos, sim!

Foto: Márcia Alves
Quanta beleza há nas pessoas! Vemos tanta gente incrível nesse mundo. Alguns são nossos ídolos, outros são pessoas admiráveis com quem temos a honra de conviver. Algumas são tão lindas fisicamente que achamos que houve uma espécie de desequilíbrio na distribuição desta qualidade aos humanos em geral. No noticiário aqui de Brasília mostraram uma estelionatária que foi presa; ela aplica golpes em todos, o tempo todo. O delegado afirmou que ela convencia as vítimas com sua beleza e charme. Isso reforça a teoria engraçada de uma amiga que diz que é difícil dizer não para pessoas bonitas.
Outras pessoas são muito talentosas. Umas são charmosas por serem comunicativas, outras por serem centradas, ou tranquilas, ou criativas, ou objetivas, ou sensíveis...
São tantas as características invejáveis que chegamos a pensar: "Por que não sou como fulano(a)?". Mas se formos tentar ser como qualquer outra pessoa negaremos ao mundo, e a nós mesmos, a possibilidade de usufruir das nossas características próprias, tão especiais.
Melhorar quem somos deve ser uma meta, mas desejar ser quem não somos é uma violência. Não há nada de errado em nós, a não ser que seja algo que possa fazer muito mal a alguém. Tirando isso, somos todos lindos, cada um à sua maneira. Imperfeitamente lindos. Que possamos reforçar isso a todo momento. Não é ser como Narciso, que só vê a beleza em si, mas ver que a beleza está em muita gente, mas... 
ó que maravilha... 
também está em nós.


Anita Safer


Um agradecimento especial a Nú Nipá e ao senhor Antônio que, (mesmo não conhecendo um ao outro e nem à fotógrafa) gentilmente, aceitaram posar para Márcia Alves na foto que ilustra este post.




sexta-feira, 14 de julho de 2017

A linha solta do amor

Foto: Liana Rocha
Este texto veio de encomenda. Uma amiga sugeriu que eu escrevesse sobre os relacionamentos que acabam e deixam aquela linha solta. São aquelas situações mal resolvidas. Como o título deste blog é "Eis o que não Sei", procuro pensar a respeito das coisas, não para, necessariamente, encontrar as respostas, mas para refletir a respeito.
Quando ela fala em linha solta logo me lembro de um bordado que ficou mal acabado. 
O ideal é que a gente faça nossos bordados com um bom arremate, pra que possamos nos orgulhar dele no final, mas nem sempre isso acontece e o bordado fica muito feio; aí o jeito é começar um outro, tentando fazer com mais capricho.
Não digo que os relacionamentos devam ser descartáveis e que deverão ter fim. Alguns bordados são feitos ponto a ponto, desmanchando pequenos pedaços e refazendo-os durante toda uma vida. Esse é bordado que desejamos. Mas deixar pontas soltas nunca é bom. Fica feio.
Acho que cada história que termina precisa de um ponto final. Mesmo que algum dia ela recomece em outro momento, aí é uma outra história. Lembrar do que foi bom no relacionamento é uma coisa legal, faz você ver que foi capaz de dar e/ou receber amor. Mas, e as coisas ruins que levaram ao fim da história? Elas também devem ser levadas em consideração. 
Sei que existem vários desfechos pra esta situação, mas cito apenas dois, os mais práticos, na minha opinião: ou você revive aquela história, se for da vontade dos dois, desta vez indo até o final, bom ou ruim para arrematar de vez; ou compreende que aquela história acabou e segue em frente. Neste caso saia, compre novas linhas, escolha um desenho que te inspire e comece um novo bordado ao som da música do Gilberto Gil que diz: 
"É a sua vida que eu quero bordar na minha 
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha 
E a agulha do real nas mãos da fantasia 
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia a dia". 

Anita Safer

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A arte de quem aprendeu a ser jovem

Foto: Tina Arce
É incrível como algumas falas ou atitudes ficam registradas em nossas lembranças. Há muito tempo vi uma entrevista com Djavan em que perguntaram a ele qual o segredo para que se mantivesse tão jovem. Ele respondeu que acreditava que era porque sempre tinha um novo projeto a realizar. Disse que todos devemos ter pelo menos um, por mais simples que pareça; nem que seja a reforma da cozinha. Segundo ele esses planos nos rejuvenescem. Saber que temos algo pela frente, renova o brilho no olhar. Tá certo, não lembro exatamente as palavras usadas na ocasião, mas a ideia era essa. Concordo demais com o Djavan, mas que ele tem uma genética incrível a seu favor... Ah, isso tem...rs.
Quando vi a foto linda que ilustra este post, feita pela minha mana Tina Arce, lembrei dessa entrevista do Djavan. Por que? Primeiro porque sou assim, meio fora da caixinha e minha mente é uma viajante sem fronteiras, mas a verdade é que sei que essa bicicleta é mais um projeto que ela está realizando. Minha irmã é um exemplo de juventude alimentada a planos e sempre tem uma carta escondida na manga. Gosta de se aventurar pela vida. Desejo muito que ela inclua em seus projetos nos brindar sempre com suas fotos maravilhosas e sensíveis.
Vamos nos encher de planos e projetos, galera! Vamos procurar uma luz que nos aponte onde encontrar o que nos faz feliz. E aí é só pedalar por novas paisagens. Não defendo a busca pela eterna juventude, porque acredito que o amadurecimento tem seus encantos, mas, se considerarmos como juventude ter sempre algo novo a aprender ou conquistar, tô nessa! #Forever young.

Anita Safer

quinta-feira, 29 de junho de 2017

O Gurulino que habita em mim saúda o Gurulino que habita em você

Foto: Arquivo pessoal
É bom andar pela cidade e ser surpreendida por intervenções urbanas. A arte do grafite saltando do concreto e trazendo cores, contrastes, vida. Das paredes das passarelas subterrâneas surgem poemitos singelos. Até no chão as palavras brotam; pequenas reflexões em forma de poemas. Muita gente não curte, confunde grafite com pichação. Grafite é arte, pichação é crime. Eu gosto de ver meus caminhos cheios de belezuras. Mas a belezura das belezuras pra mim chama-se Gurulino. Quem transita pelas ruas de Brasília, com certeza, já viu essa criaturinha doce e zen criada pelo artista Pedro Sangeon.
Gurulino nos brinda com frases filosóficas, cheias de significado. O seu criador usa o termo "shantileza" para definir as emanações cheias de luz de sua linda criatura. Shanti, palavra do hinduísmo que significa paz.  Paz, desapego, amor e respeito às diferenças é o que Pedro transmite através de sua criação.
E Gurulino vai crescendo e ao mesmo tempo em que é zen é inquieto. Questiona, instiga, pensa e transmite. Filosofando ele vai alcançando novos espaços, como tirinhas de um jornal local. 
Quando vi em uma rede social que criaram um chaveiro do Gurulino... vixe!!!! Quis logo o meu. Então descobri que existe um Projeto Gurulino, onde a gente pode adquirir canecas, bolsas, camisetas, pôsteres... Eu queria tudinho, mas o desejo é grande e a grana curta, então vou devagar, mas aceito doações...kkk.
Parabéns pelo trabalho, Pedro. Espero que vocês continuem juntos difundindo lindezas filosóficas. Shanti.

Anita Safer

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Polvinhos amorosos

Foto: Liana Rocha
Existem muitos projetos legais acontecendo por aí. Um que chamou minha atenção foi o de confecção de polvinhos de crochê para crianças prematuras que estão internadas em leitos de UTI neonatal. Esta ideia surgiu na Dinamarca e se expandiu pelo mundo. Gente, que coisa mais fofa! Vi algumas matérias mostrando que os bebês se sentem mais tranquilos com os bichinhos na incubadora, pois os tentáculos lembram o cordão umbilical. De acordo com pesquisas e estudos realizados, a presença do polvo estabiliza a frequência cardíaca, ajuda no aumento de peso e até reduz o tempo de internação. Acredito que para os pais também tenha um efeito psicológico positivo, pois deve ser muito angustiante sentir sua criança tão vulnerável. Ver seu filhinho acompanhado por uma coisinha tão fofa não diminui a preocupação com o quadro apresentado, mas deve amenizar um pouco a impressão de um ambiente frio e impessoal.
Encantada com essa iniciativa fui até a Torre de TV, onde soube que um grupo se reúne a cada quinze dias pra aprender e confeccionar os polvos. É o projeto Polvo de Amor.
Lá ensinam como confeccionar a peça e doam o material, desde que você se comprometa a entregar para eles os bichinhos prontos. Depois levam para hospitais cadastrados, onde são esterilizados, para não levarem riscos aos bebês. Quem tem uma noção mínima de crochê consegue fazer, sem grandes dificuldades. A receita é simples.
Aí a gente pensa, por que não um gatinho, um passarinho ou outro bicho fofo qualquer? Vamos combinar, polvo não é um animal que caia no gosto de muita gente no quesito beleza, mas ele foi escolhido em função da anatomia, mais adequada ao objetivo. No fim das contas, são muito lindos.
De lá pra cá tenho tido momentos terapêuticos e carinhosos, colocando afeto nos pontos que se formam aos poucos na construção do amigo que muitas criaturinhas poderão abraçar.

Anita Safer

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Eis o que já foi

Foto do acervo do Usadão Brasília
Eu nunca gostei daquele papo... "No meu tempo isso... Ah, na minha época as coisas eram tals...", mas confesso que me bateu uma nostalgia danada um dia desses. Tudo começou com uma conversa com um amigo. Conversa vai e vem, o assunto chegou no nosso carinho em comum por coisas antigas. Lembrei da emoção de tirar uma foto com uma máquina de rolo e ter que esperar dias pra receber a fotografia revelada. A dificuldade em captar o momento fazia com que a gente escolhesse muito bem o que era especial e que queríamos guardar na lembrança.
E a máquina de escrever? Amava o som que ela fazia... TEC TEC TEC... e CREC, na hora de mudar de linha. Tudo bem que no trabalho era um sufoco. Eu era secretária escolar e tinha que fazer um monte de históricos, certificados e boletins que não podiam conter rasuras. Mas a emoção, paciência e cuidado tinham que estar presentes.
Talvez eu não tenha saudade apenas dos objetos, mas da emoção, paciência e cuidado que tinhamos que ter com tudo. As coisas eram feitas pra durar. Os mais vividos um tiquinho lembrarão que os refrigerantes não vinham em garrafas descartáveis, a gente tinha que levar a garrafa de vidro vazia pra comprar a outra cheia. A TV era uma só por família. A gente tinha que levantar o traseiro gordo pra mudar de canal, pode isso? A TV era um evento social. Quando chegou a TV a cores foi incrível. Minha família demorou um pouco pra ter uma, então, quando ia passar algo muito legal eu ia assistir na casa da minha amiga Ana Carla, pura ostentação...hihihi.
Os carros duravam décadas, hoje são trocados anualmente por muitos. Haja sucata!
Ai, que texto chato, eu sei, mas fazer o que? Agora tenho provas e convicção de que estou envelhecendo.
Nem tudo está perdido, os tempos atuais trazem maravilhas impossíveis de ignorar. Mas como tudo está mudando rápido demais sei que amanhã estarei com saudades de usar o celular (o que era um celular? Vão me perguntar. Eis o que muitos não saberão).

Anita Safer