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Foto: Tina Arce |
Quando eu era criança fui ao Parque de Diversões pela primeira vez. Acho que era a primeira, tenho umas fotos desse dia. Eu e minhas botas brancas que meu irmão trouxe pra mim de São Paulo. A mulher que nunca calçou botas brancas quando menina não sabe o que é se sentir uma diva... Hahaha. Pois bem, fomos ao parque, eu, minhas irmãs, nossos vestidos "mini" (super moda, na época) e, claro, minhas botas brancas. Naquela Brasília vazia lá estava o parque, perto da torre de TV, rodeado de terra vermelha por todos os lados. Não eram muitos brinquedos, uma pista com carrinhos que subiam e desciam, um carrossel e outros mais. Lá no centro, gigantesca, majestosa e circular estava ela: a RODA GIGANTE. Ai, meu Deus! Quanta emoção! Fomos nós, naquela aventura que me levou até o céu, num movimento tão lento que parecia maldade, pra aumentar a aflição. Como tudo o que é ruim pode piorar, o cara que operava o brinquedo resolveu lanchar. O parque estava vazio e ele esqueceu da gente. Por quanto tempo? No relógio uns cinco minutos, talvez; no meu desespero uns "trocentos anos". Eu não respirava e tentava nem pensar, pra não correr o risco do meu pensamento virar aquela cadeira de ferrinhos. Minha irmã mais velha, agindo como a adulta da situação, começou a berrar e projetar o corpo quase pra fora, num descontrole total. Eu só rezava, acho que foi esse episódio que me fez querer ser freira na época. O fato é que descemos sãs e salvas; salvas, pelo menos. Minha irmã demorou um pouco mais pra recobrar a sanidade.
De lá pra cá tenho tido altos e baixos nos parques de diversão. Fui numa tal de Casa do Espanto onde corri feito uma maratonista, jurando que aqueles monstros fajutos eram a encarnação do mal. O kamikaze é um que faz jus ao nome. O pior é que fui nele e nem queria morrer. Ele te deixa de cabeça pra baixo numa altura descomunal e eu não sabia se segurava os óculos ou o coração, que tava saindo pela boca. Tudo bem, tem aqueles brinquedos fofos, mas só podem ir crianças pequenas, que injustiça! A realidade é que eu gosto e vou, sem minha botinha branca, mas como a menina que não deixei de ser.
Anita Safer
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