quarta-feira, 7 de agosto de 2013

De olho na compulsão

Foto: Érica
"Tudo demais é veneno", diz um velho ditado. É muito difícil quando sentimos que somos controlados por ações e sentimentos que são mais fortes que a nossa vontade. Isso acontece com  drogas, álcool, comida, sexo, dependência afetiva ou outra coisa qualquer.  A pessoa compulsiva é alguém que busca um alívio para algo que não vai bem. É uma história solitária  que pode afastar o indivíduo do caminho de suas realizações pessoais. Além de ter que lidar com a pressão interna, de não ser forte o suficiente para lidar com o vício, sofre, às vezes, com julgamentos externos. Ela pode ser rotulada de fraca, mau caráter e um monte de outras coisas. Tudo bem, ela até pode ser isso tudo. Mas isso não tem nada a ver com compulsão, a compulsão é uma doença! Ninguém fala pra quem está com hepatite: "Você é um fraco, tá com hepatite porque quer. Larga já essa hepatite pra lá e sai dessa vida". 
Talvez o primeiro passo para lidar com o problema seja admitir que ele existe. Perceber que a compulsão está te fazendo mal física, emocional ou socialmente. A partir daí buscar ajuda. Nós não precisamos enfrentar sozinhos os problemas da vida. Este planeta está abarrotado de gente, elas precisam servir para alguma coisa, tipo, ajudar umas às outras. Aliás, muitas vezes a compulsão nasce da mania de perfeição, do orgulho, da culpa, dos ressentimentos. Então é preciso quebrar este ciclo. Precisamos aprender a lidar com nossas imperfeições e fazer parte do gigantesco grupo dos humanos, imperfeitos por natureza. Abrir mão do orgulho, tentar entender e perdoar as nossas culpas para seguir adiante com nossas vidas. Aprender a vivenciar os sentimentos, para no futuro não termos que re/senti-los (daí a palavra ressentimento).
Para buscar ajuda é preciso fechar os ouvidos às vozes internas que nos boicotam nesta busca e às vozes externas (de pessoas que não entendem o que você está passando e desqualificam seus sentimentos). Existem profissionais que estudaram pra caramba pra tentar te ajudar neste processo. É hora de buscar uma terapia. Outra alternativa são os grupos de apoio, que existem para os diversos tipos de compulsão. 
Não posso falar de todos os tipos de compulsão, pois, felizmente, não preciso lidar com eles, que são difíceis demais. Meu problema é alimentar. Foi muito difícil admitir que fico "alucinada" e "desorientada" diante de certos alimentos. A compulsão alimentar é complicada porque você não tem como fugir do agente que provoca a compulsão. Não tenho como ser uma eremita, que vive na solidão e só come frutinhas silvestres e plantinhas em geral. Tenho que dar de cara, quase todo dia, com os gatilhos da minha compulsão. Na minha busca por ajuda encontrei um grupo de apoio e estou achando muito legal. Por esta razão, estou aqui dando a cara a tapa e repassando esta dica. Se for seu momento e sua necessidade, procure ajuda. Os grupos de apoio são formados por pessoas imperfeitas, assim como você e eu (ô coisa difícil é admitir que não sou perfeita, mas tudo bem); por esta razão não vale a pena ir com a ideia de que lá vai correr tudo às mil maravilhas, mas utilize as reuniões como um instrumento para a sua melhora. Afinal, este é um problema seu e de mais ninguém. 
Para casos como o meu existem os Comedores Compulsivos Anônimos. São vários grupos no DF. Fica a dica.

Anita Safer

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