Dama do dia e da noite
Um muro foi erguido
entre a dor e o lamento
Não é tarde
nunca é tarde
Meus olhos
que não sabiam chorar
estavam secos
de saudade e sal
Sal das lágrimas represadas
por tempo infinito
Como pronunciar seu nome
sem sucumbir às punhaladas
do desespero por sua ausência?
Enquanto lustrava minha armadura
reluzente e fria
a dama da noite exalava seu perfume
desafiando minha fortaleza
A dama do dia esta lá
intacta
exuberante
bela
Também serena
sempre
Não é tarde
nunca é tarde
Me rendo...
abro os portões
para que você vagueie
por todos os cantos da minha cidade
Me desmancho em lágrimas
de sal
Saudade
Anita Safer
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