domingo, 11 de setembro de 2022

No balanço das marés

Foto: Paty Arce 

Fui tomar um café da manhã com amigos. A ocasião era o aniversário de uma das amigas, muito, muito amada. Ela nos contou que estava numa fase mais reclusa, sem pensar em grandes comemorações e festividades. Então, outra amiga contou que os antigos da terra dela usavam a expressão pré-mar para designar o momento entre a maré baixa e a maré alta. Onde a sensação é de que está tudo quieto. Achei linda a expressão e o significado dado a ela. Cheguei a pesquisar, mas não encontrei nada que falasse a respeito. Mas, isso não tem a menor importância, quem somos nós para questionar a sabedoria popular, tão poética e que busca palavras e expressões que tentem fazer com que entendam as coisas do mundo. O interessante é que quando chegamos, meus amigos sentiram um cheiro de peixe, vindo de algum lugar. Eu não senti porque estava com o nariz congestionado, mas incluímos esse fato às nossas teorias de que existe uma conexão entre todas as coisas.
A conversa, então, se desenvolveu neste sentido. A vida é cíclica, como o mar. Momentos de mar agitado, de mar calmo, ciclones, ressacas (que nos livramos, no caso, porque ficamos só no cafezinho mesmo...rs). Então, demos as mãos - era um momento em que a emoção tomava conta do ambiente e queríamos trocar aquela energia gostosa, que acontece quando estamos entre pessoas queridas, com quem podemos compartilhar o que sentimos. O rapaz, que nos atendeu, se aproximou. Sentiu o clima e, cheio de sensibilidade e bom humor, comentou que havia chegado pra participar de um momento especial. Olhei para o crachá dele e o seu nome era Moisés - hahaha, ele veio para abrir as águas.
Nos divertimos com a ideia e isso foi papo para muita filosofia de café. E vem aquela sensação gostosa de que está tudo mesmo interligado. O importante é saber que as marés vêm e vão. E nessa malemolência, no balanço do mar da vida, vamos conduzindo o leme do nosso barco da melhor maneira que conseguirmos, rumo ao nosso destino. Quanto ao que não podemos controlar, lembro da frase de um amigo muito querido e engraçado que falava... "Jesus disse, faça a sua parte que eu fazerei a minha"... rs

Anita Safer

Um comentário:

  1. Joanna de Ângelis nos ensina que temos que treinar coragem e resignação, sem cujos valores o homem permanece criança espiritual. Neste sentido, as ondas revoltas do dia-a-dia nos tiram do estado de contemplação. Obrigado pelas palavras inspiradoras e carregadas de emoção. Paz & bem!

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