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Foto: Tina Arce |
A notícia aparece e, mais uma vez, fico estarrecida. Porcos selvagens invadem Shopping Popular. Lá estão os "invasores", com seus focinhos de tomada, patinando no chão liso e frio do banheiro, onde foram confinados, aguardando o resgate da Polícia Militar Ambiental.
A capivara nada no espelho d'água do Palácio do Itamaraty, sacudindo suas gordurinhas, talvez, numa tentativa "diplomática" de aproximação. O jacaré nada, tranquilamente, na piscina de uma casa. Lembro, imediatamente, de uma música infantil:
"Jacaré nada na lagoa, ele diz: Ai, meu Deus que coisa boa! Mostrou os dentes! Se preparando para morder a toda a gente".
Ops, isso é meio assustador para as crianças; então mudaram o final para:
"Se preparando para escovar os dentes"
Agora sim, ficou mais didático e preservou a imagem do coitado do animal, a quem é atribuída uma má fama.
Jiboias em carros e casas, saruês para lá e para cá, corujas metendo o bico onde não deviam. Toda espécie de bichos invadindo o "nosso território".
Na quadra onde moro um urubu dá o ar da graça. Dei a ele o nome de Alfredo, sem um motivo especial, só me veio esse nome à mente, do nada. Um rapaz aqui do meu prédio, que todos chamam carinhosamente de Lourinho, é uma espécie de São Francisco de Assis. É comum vê-lo rodeado de passarinhos, pequenos, gordinhos e saltitantes. Uma lindeza de ver. Ele os alimenta e é adorado por eles. "Alfredo", curioso, também se aproximou e logo fez amizade. Em outro momento, lá estava ele - Alfredo, não o Lourinho - empoleirado na janela do sexto andar da casa da minha irmã, que mora em um prédio próximo. Ele deve ter percebido que meu cunhado é um excelente cozinheiro e prepara carnes deliciosas.
Embora eu esteja brincando, a situação é muito séria e triste. Nós invadimos os espaços desses animais. Queimamos - ou deixamos queimar - os lugares onde vivem. E ainda nos referimos a eles como invasores.
Shopenhauer, o filósofo, estava certo quando disse:
" O homem fez da terra um inferno para os animais"
Anita Safer
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