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Foto: Célia Gatinho |
Minha amiga "gêmea" Sílvia me convidou para a festa de São João de sua família. Amiga gêmea? Você pode perguntar. Te respondo. Nós temos uma história de vida muito parecida, traços de personalidade similares e diversas vezes o que acontece com uma acontece com a outra. Um dia mesmo eu tive que tirar duas pintas do rosto e uma semana depois encontrei com ela; ela tinha tirado as - exatas - duas pintas do rosto também. Eu brinco com ela que se uma morrer a outra já pode encomendar o caixão...hehehe. Mas que Deus adie bastante esse dia!
Voltando à festa. Achei muito linda a ideia, pois foi uma forma que ela encontrou de resgatar uma tradição familiar (ela também curte tradição familiar, igualzim eu...rs). A mãe dela fazia essas festas para congregar família e amigos e homenagear o santo que, em seu entender, favorecia a paz e a harmonia nos lares. Sílvia resolveu aproveitar a ocasião e comemorar os nove meses de sua neta, Laurinha.
Estava tudo maravilhoso na festa, a decoração linda, forrozim tocando, comida boa e farta. Tudo estava realmente bem. Quer dizer, quase tudo. Laurinha, a pequena aniversariante, estava abatida. E junto com aquele jeitinho desanimado o termômetro subiu e subiu. Lá vão os pais com a criança pro pronto socorro. Uma otite, era o diagnóstico. Porém, a criança que saiu do salão abatida já voltou com a carinha animada. E logo estava ensaiando palmas nos parabéns, querendo pegar a vela acesa do bolo... do jeitinho que criança deve ser.
Mas toda festa tem seu ponto alto. Quando a mãe de Laurinha veio se despedir de mim, a pequena se jogou em meus braços. Foi ideia dela, pois eu queria enchê-la de beijos e abraços mas sei que criança tem querer e que a coisa não funciona assim. As pessoas em volta ficaram olhando. Laura é super simpática e sociável, mas não costuma ir no colo de quase ninguém. Ela é extremamente criteriosa e eu fui agraciada com aquela iniciativa morta de fofa. Com ela no colo eu cantava músicas de forró e ela cantava junto... Dá...Bê...Dábá... Seja lá como fosse aquela língua que ela falava, o fato é que tava uma "corralinda". Fiquei pensando na simplicidade das crianças, que conseguem viver cada momento como único. Antes ela estava abatida e doentinha, mas depois de medicada e sem dor a alegria voltou instantaneamente. Acho que Laura já passava ali para todos seu primeiro ensinamento. Nada de ficar eternizando momentos ruins! Passou o sufoco, bola pra frente!
Fiquei pensando que Laura deve ter confiado em mim porque sou mesmo amiga gêmea da avó dela, então pode ser que ela tenha se sentido um pouco minha neta também.
Então uma música falando sobre paz e amizade foi cantada por todos e rosas brancas foram distribuídas.
Voltei para casa carregando todos aqueles símbolos de paz e acordei ainda sentindo o carinho de Laura, que foi o milagre que São João me reservou.
Anita Safer
Obrigada amiga “gêmea” pelo lindo texto. Vou guardá-lo em meu coração. Só uma lindeza dessa para retratar com perfeição a história que vem desde os tempos da minha mãe que sempre teve um grande amor por São João. A Laurinha também se recuperou logo para não perder a festa kkk. Afinal, ela também estava sendo homenageada. Muito Obrigada ��
ResponderExcluirGerenciar