sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Eu passarei... Eles passarinhos!

Foto: Érica Perotto
Na quadra onde moro, moram também diversos tipos fofos de passarinhos. Um tipo em especial, nesta época do ano, costuma ter filhotes e vira um verdadeiro psicopata.
O pior é que esqueço deste perigo que me ronda e passo, distraída de tudo, na calçada em frente às árvores onde os indivíduos habitam.
Pronto, em instantes, me sinto a atriz do filme Os Pássaros, de Hitchcock. O bichinho sai atrás de mim bicando, impiedosamente, minha cabeça dura... TUC TUC TUC. Nem adianta me perguntar qual a espécie da criatura. Não consigo fazer o retrato falado. Tenho medo de olhar pra ele e ter os óculos quebrados e olhos furados.
Sempre me assusto... E me divirto.
Que bichinho danado! Cheio de personalidade. A quadra é grande, cheia de carros, apartamentos e pessoas (que pagam seus condomínios e IPTUs); mas o território é deles nestes dias.
Faríamos o mesmo se nossos ninhos e crias estivessem ameaçados, concordam? 
Claro que me preocupo porque o ninho fica próximo a um Jardim de Infância. Eles podem machucar as crianças e dói... Acreditem. Mas acho que o negócio é pessoal...rsrs.
Mas, fazer o que? É da minha natureza passar distraída pelas calçadas e é da natureza destes pássaros mostrar quem são os donos do pedaço.

Anita Safer

sábado, 21 de outubro de 2017

Ela aceitou...

Foto: Mônica Perotto
Fui convidada para o almoço de celebração do casamento da Jane. Fiquei muito, MAS MUITO FELIZ MESMO, com o convite. Fiquei também lisonjeada porque a Mônica, organizadora e bonita, ao me fazer o convite disse:

- Queria tanto que você falasse algo no microfone, tipo Anita Safer.

Ah, como eu gostaria de fazer isso, mas não sou boa com palavras faladas - a timidez atrapalha - é  por isso que escrevo. Desculpa, Mônica. Uma amiga costuma dizer que é difícil dizer não para pessoas bonitas. Imagina como foi difícil negar um pedido seu, que é danada de linda. Mas o André assumiu a função e arrasou. Fez uma homenagem brilhante que representou bem o sentimento de todos.
É interessante como a gente se emociona em algumas situações. O casamento da Jane me emocionou muito. Ela esteve presente em uma parte significativa da minha vida e guardo essas lembranças com muito carinho. Em um segundo voltei no tempo e me vi, anos atrás, jogando o I Ching (um oráculo chinês) pra ela. Ela perguntava se algum dia encontraria uma pessoa especial para amar. Embora o I Ching siga uma linha filosófica e não premonitória ou espiritual, ele indicou que o desejo do coração dela se realizaria; mas ela teria que ter paciência porque iria demorar. 
Lembro que naquele momento tive um sentimento forte de amor e desejei profundamente testemunhar esse dia. E o dia chegou. Foi necessário mesmo muito tempo para que ele chegasse. O amor é caprichoso, escolhe onde quer se aninhar. Usa os recursos que encontrar, no caso, as ondas de um rádio amador.  Para que ele se aconchegasse nos corações de Jane e de seu amado ele teve que superar o tempo, a distância e até a dificuldade da língua (ele é estrangeiro). Mas o que é o amor senão um encontro? Não um encontro qualquer, mas O Encontro. 
Não dá pra saber ao certo a razão pela qual uma pessoa se une à outra para compartilhar a vida, é um mistério, uma magia do Universo.
Quando alguém casa, os corações das pessoas que gostam dela ficam repletos de carinho, cuidados e mimos. Já perceberam que nos casamentos uma grande parte dos casais presentes trocam olhares de cumplicidade, como se estivessem renovando os votos? É que o amor é contagiante. 
A Jane acreditou, desejou e aguardou com paciência este momento. Mas não ficou sentada a vida toda esperando o tal amor acontecer. Ela viveu intensamente, exercitando a arte de amar e se relacionar com a família e amigos. 
Agora ela vai morar longe e construir uma nova família, com a benção de todos. 
Sou grata pela oportunidade de fazer parte deste momento tão especial. Jane, você estava linda esquecendo o buquê...hahaha... Mas sem esquecer de que é a protagonista de sua história e de que merece ser muito feliz.

Anita Safer


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Até tu, Thor?!

Semana passada fui à uma palestra, a convite de um amigo querido, proferida pelo psicólogo espiritualista Daniel Campos. Adorei! Ele explanou sobre diversos assuntos interessantes. Sobre como nossa personalidade é formada, a importância dos sonhos como canal de autoconhecimento, ego, personalidade dionisíaca, traumas e outras coisas mais. Tudo de maneira clara, descomplicada. Contextualizando num universo psicológico e espiritual. Dentre os assuntos abordados, um tema em especial chamou minha atenção - a necessidade de olharmos para nossas sombras. Pessoal, não é só o Thor que tem um mundo sombrio (os amantes de filmes de heróis vão saber de que filme estou falando). TODOS NÓS temos um lado sombrio. Não quer dizer que somos psicopatas de plantão. Quer dizer que temos um lado "trevoso"  dentro de nós e o ideal é termos contato com ele se quisermos ser pessoas melhores, mais humanas. 
Diversas vezes temos sentimentos negativos intensos, desproporcionais. Não adianta ignorá-los, eles ficão latentes. Nós os jogamos pra debaixo do tapete e basta um cutucãozinho externo pra que eles aflorem com toda a sua força. 
No livro Para que o Amor Aconteça, de Ceci Akamatsu, em um dos capítulos esse tema é abordado de maneira bem ilustrativa. A autora sugere que imaginemos uma casa abandonada. Ela é suja e empoeirada.  Nela estão acumuladas coisas com as quais não queríamos lidar. A primeira coisa a fazer, segundo a escritora, é encarar o desafio de entrar nessa casa e enfrentar o medo do obscuro e do mistério que lá habitam. Em seguida é hora de jogar luz nesse ambiente e começar a limpar cada cantinho. No começo será horrível, haverá muita poeira que levantará ao ser mexida, mas aos poucos ela irá se dissipando. 
É um exercício difícil, mas que vale a pena ser feito. Entrar em contato com as sombras e feridas interiores é sofrido. Uma ajuda terapêutica pode ser de grande valia. A intenção é harmonizar os sentimentos, não extirpá-los, pois todos eles são necessários.
Aí estaremos livres do nosso lado sombrio? Claro que não! Nem o Thor tá conseguindo... mas tá lá, de martelinho em punho, tentando transformar o mundo dele num lugar melhor.

Anita Safer

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Cada um no seu lugar

Foto: Liana Rocha

Canso de ver pelas ruas pessoas irritadas com o direito dos idosos em filas e meios de transporte. As vagas preferenciais são constantemente desrespeitadas. Um dia ouvi alguém dizer na fila do banco:
- Esses velhos já são aposentados e tem todo tempo do mundo, podiam esperar na fila e dar lugar pra pessoas como eu, que trabalham (lembrei de uma fala do Fernando Henrique, por que será ?).
Gente, a idade avançada, em muita gente, pesa. Doem as articulações. Os ossos se desgastam. A pessoa já enfrentou todo tipo de adversidade... Deixa elas quietinhas, usufruindo de um direito garantido POR LEI. 
Mas confesso a vocês que o que me consome é que eu, que ainda não sou preferencial, seja tratada como a avó das velhinhas.
Entrei no ônibus um dia e só ouvi os berros:

- Senhora, senhora, sente aqui por favor!!!!

Caramba! A mulher que me ofereceu o lugar devia ter a minha idade. Acho que ela queria posar de tchutchuca às minhas custas...hahaha

Na última eleição a mocinha da zona eleitoral chegou perto de mim na fila e disse:

- Senhora, a senhora tem o direito de passar na frente.

Respondi:

- Obrigada, querida, mas eu ainda não sou preferencial.

O rapaz, que estava à minha frente com o filhinho falou:

- Viu, filho, que bacana? Ela foi honesta, podia ter se aproveitado da situação e ter passado na frente.

Melhorou, passei de idosa pra uma "quase idosa" honesta.
Mas o tempo não para e logo estarei nesta situação de fato e de direito. É bom não ficar brigando contra isso. Aí espero que quando chegar o momento as pessoas mantenham esse chamego comigo e não me tratem como tratam  muitos idosos. Enquanto isso vamos todos fortalecendo as pernocas. Do jeito que a população da terceira idade está crescendo, em breve as filas preferenciais serão para menores de 59...rs.

Anita Safer