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Foto: Érica |
Às vezes, tudo o que precisamos é
de um momento de silêncio. Um tempo para aliviar a cabeça de milhares de
pensamentos, o coração de um punhado de sentimentos e o corpo do constante
movimento. Parar. Parece fácil, mas não
é, exige paciência, concentração e prática. Atributos de luxo nos dias de hoje.
A meditação entrou em minha vida no Parque Olhos d’Água. Estava caminhando
quando vi um grupo de pessoas reunidas. Como sempre achava uma maneira de
boicotar minha caminhada, resolvi ver o que estava acontecendo. Descobri
que era um pessoal que se reunia uma vez por semana para praticar a meditação.
Gostei da fala macia e dos gestos leves da pessoa que conduzia o grupo. Achei
que aquela atmosfera de paz, de olhares doces, naquele lugar cheio de vida, de
plantas, de busca pela saúde, só poderia me fazer bem. Lá aprendi algumas
maneiras de meditar, mas preferi a mais simples. Apenas ficar em silêncio,
prestando atenção na própria respiração. Sem música, sem mantra, apenas uns
minutos de silêncio. Descobri que quando medito com freqüência, minha
concentração melhora, minha disposição aumenta, durmo melhor e fico menos
ansiosa.
São quinze minutos do meu dia em
que me sinto inteira, centrada. Embora pareça fácil, não é. Uma vez minha irmã,
Clélia, foi comigo num desses encontros. Quase morri de rir quando olhei pra
ela e ela estava lá, sentada, parada, toda molhada de suor, parecendo uma cuscuzeira.Fiquei pensando “como uma pessoa pode
transpirar tanto fazendo meditação?”. No final, muito irritada, ela me disse: “Por
que não me disse que era meditação de alto impacto?”. Ri demais da conta, mas
entendi o que ela quis dizer; ficar parada, sem pensar em nada, por um minuto
sequer, neste mundo que está sempre em movimento, requer um esforço sobrenatural.
Ela é super ativa, está sempre produzindo muito - uma característica muito
linda e muito dela.
Somos todos diferentes e temos
necessidades diferentes. Eu sinto necessidade de dar esta pausa no meu dia. Não
é um ato esotérico ou religioso. É uma necessidade pessoal. Quando medito me
sinto viva. Volto da meditação e vejo as cores mais vivas. Sinto o movimento em
volta de uma forma diferente, nova. É como se fizesse uma breve viagem e
voltasse cheia de saudade da parte de mim que quer aproveitar o que a vida tem
pra oferecer.
Perdi o contato com este grupo do
parque, nunca mais os vi. Já meditei também no Templo Budista, mas não me dou
bem com cheiro de incenso, me dá dor de cabeça. Atualmente medito em casa ou em outro lugar tranqüilo.
Se você nunca tentou, tente um dia, você pode se surpreender.
Anita Safer
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