Alguém me disse uma vez: "Você é uma pessoa maravilhosa, incrível, adoro você. Pena que você não vai pro céu". Fiquei parada, olhando e pensando... esta pessoa está profetizando ou me amaldiçoando? Eis o que não sei... só sei que entendi que ela disse isso com base nos preceitos religiosos dela; eu não iria pro céu porque não abracei a sua religião. Neste momento eu não gostaria mesmo de ir pro céu e nem pra lugar nenhum fora deste mundo. O desejo que tenho é de ir ficando por aqui o máximo que puder, mesmo com este mundo cheio de dificuldades e desafios.
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Foto: Érica |
E a não religião? E a pessoa que não acredita em um Deus? E os budistas? Com ou sem religião somos indivíduos em busca do sentido da vida e de como podemos nos colocar diante do mundo (o conhecido e o desconhecido). Existe um filósofo suíço, ateu, Alain de Botton, que diz que "o problema do homem sem religião é que ele se esquece do que é realmente importante. Todos nós sabemos, na teoria, o que devemos fazer para sermos bons. Só que, na prática, nos esquecemos". Embora ateu, ele entende que muita gente busca, através da religião, se conectar com a bondade e evoluir.
Vejo que o que me encantou na história de alguns santos - e também de pessoas comuns que mudaram sua vida em busca de um ideal maior - foi o grande amor que aflorou diante da dor e do sofrimento humanos. A maioria delas não desejava fundar uma religião ou ter discípulos, só queria encontrar respostas e fazer o bem.
Por isso acredito que as pessoas, sendo diferentes, têm necessidades e credos diferentes... ou credo nenhum. Mas o que acho que devemos buscar em templos, ou fora deles, é o amor. Um amor que não julgue, que respeite, que acredite e que tenha humildade para saber que somos humanos, imperfeitos e teremos um longo caminho para sermos pessoas melhores do que temos sido até agora.
Anita Safer