quinta-feira, 18 de abril de 2013

Avermelhou? Leve as finanças para a UTI

Foto: Érica

Sou do signo de Áries. Talvez por isso adore a cor vermelha. Mas fico vermelha de raiva da cor quando ela ousa se infiltrar nas finanças. Só que vira e mexe isso acontece. Então, aproveitei as férias - já que não tinha dinheiro pra viajar - e fui fazer um curso de Administração de Finanças Pessoais.
O curso é de três manhãs, o suficiente pra fazer a gente pensar: "Que diabos estou fazendo da vida?". Com o advento dos cartões bancários caímos na ilusão do crédito ilimitado. O pior é que as crianças estão crescendo com esta cultura. "Mãe, PRECISO de um celular novo, o meu parece um dinossauro...". A mãe diz: "Mas eu não tenho dinheirooooo". A réplica vem rápidamente: "Usa o cartão... dêêêê...". Aí vem a parte mais incrível, a mãe fala "É mesmo" e zip... cartão em ação. Presentinho pro fulaninho... zip... promoção de dvd pirata... zip... loja nova no shopping... zipppppppp. E de zip em zip a situação fica fora de controle. Na verdade estes exemplos não são meus, não sou muito consumista e meus filhos nunca foram de me atormentar cobrando zipagens. Mesmo assim me enrolo, muitas vezes.
No curso o professor nos ensinou a elaborar uma planilha, para termos ideia do que poderiamos cortar... uma colega respondeu de pronto... "os pulsos". Todos nós rimos muito, mas é verdade. Às vezes a situação está tão crítica que bate aquele desespero, parece não ter saída.
Estou aprendendo neste curso que a verdade liberta. Achar que estamos lascados é uma coisa, mas ter certeza é fundamental. Só tendo a real visão da situação poderemos agir como gente grande e começar a bolar estratégias para sair do buraco. Cheque especial, cartões de crédito, parcelamentos e financiamentos não são legais; devem ser recursos extremos e mantidos no controle. Eles são alimentados a juros, e juros, colegas, são os malvadinhos da história financeira.
É importante sacrificar algumas coisas para arrumar as finanças. Não estou dizendo que devemos nos render à sovinice e deixar de aproveitar a vida. Dinheiro não é tudo, mas não precisa ser tratado com desdém, afinal, a gente trabalha muitão pra ter um tiquinho. 
É preciso arregaçar as mangas e deixar de ser criança. Devemos fazer de tudo para proteger nossa mente de preocupações desnecessárias. Então, menos zip e mais juízo. Assim, organizados, poderemos realizar muitas coisas, inclusive a viagem que tive que deixar de lado este ano.
Só para arrematar... você pode pensar que eu, para aprender a economizar, estou gastando dinheiro com um curso de finanças pessoais. Que maldade a sua, este curso é gratuito. Quem quiser saber maiores detalhes é só me falar que passo os contatos , ok?

Anita Safer

Um abraço excepcional

Ela é uma senhora de idade. Estava na fila preferencial de um hospital público. Pequena, magra, com um lenço na cabeça e um chinelinho velho, costurado. Quando me aproximei recebeu-me com um olhar cansado,  meigo e um sorriso acolhedor. Seu olhar destoava dos outros, que caiam em mim com o peso da inquisição, como se quisessem saber a razão de uma mulher com menos de sessenta anos, aparentando saúde, estar naquela fila de atendimento exclusivo.
Na verdade eu não estava na fila, mas certamente estava em um perímetro pouco seguro. Aguardava minha rainha, D. Maria, que tinha entrado pra fazer um exame. Mas, tudo esclarecido, todos mudaram o olhar para o modo "suave" e pude retomar minhas atenções para a mulher de chinelo estragado e olhar transbordante.
Apesar da idade avançada a senhora guardava lugar para o filho que, a um sinal seu, aproximou-se. Rodolfo, de 25 anos, é portador da Síndrome de Down. Um rapaz lindo, com um sorriso encantador, como o de sua mãe. Ao contrário dela, estava todo arrumadinho. Ela, orgulhosa, me apresentou ao rapaz, que me abraçou com um abraço desarmado e demorado e eu, por minha vez, desarmadamente me abandonei e desfrutei daquele carinho.
Por um momento me senti inserida naquela família. Acho que existem pausas no tempo, onde tudo fica suspenso para que o amor possa se manifestar. Essas manifestações ocorrem em momentos inusitados, quando estamos distraídos. É uma forma que a vida encontra de chamar nossa atenção para nossa humanidade.
Sentí naquelas duas pessoas uma elevação de alma; onde as dificuldades vão sendo enfrentadas com amor e cumplicidade. Para isto as pessoas são empurradas umas para as outras, para que neste encontro aconteça o aprendizado. 
Se todos nós tivéssemos a capacidade de dar um abraço sincero como o de Rodolfo, sem reservas e pudéssemos ter o cuidado e o amor estampados no olhar, como o de sua mãe, o mundo seria um lugar bem confortável de se viver.

Anita Safer

domingo, 7 de abril de 2013

Um chorinho enfeitiçado

Quem me conhece há muito tempo sabe que sempre fui apaixonada por bandolins. Acho o som do instrumento diferenciado e sempre o associei a músicas lindas e de qualidade. Foi uma surpresa maravilhosa quando, no ano passado, sorteei como atividade para este ano aprender bandolim. Surpresa maior ainda foi ser sorteada na Escola de Música para um curso de um ano. De cara conheci duas pessoas que também estão começando e gostei dos dois: o Felipe e a Vilanir. Ele, como é mais sabido, foi pra uma aula mais avançada. Eu e Vilanir formamos uma dupla de iniciantes e esperançosas alunas. O curso será voltado para o chorinho. Isto me agradou demais. Talentos não faltam no Brasil e terei um material extenso para pesquisa e estudo.
Meu professor, Rafael Bandol, sugeriu que fossemos a uma roda de choro que ele participa, assim teríamos um contato maior com a música e com o instrumento. Brasília é um lugar espetacular neste sentido. Você encontra locais para todos os estilos e preferências. Aí entra o "eis o que não sabia"... e agora sei. O Feitiço Mineiro (306 Norte), onde vou muitas vezes assistir shows deliciosos e de qualidade, oferece uma roda de chorinho todas as quartas-feiras, de 19h30 às 22h30. Fui lá conferir. Estavam tocando quatro músicos:
Leo Benon (cavaquinho) e Dudu 7 cordas (violão)
Rafael Bandol (bandolim) e Gabriel Pardal (pandeiro)

o Rafael Bandol (bandolim), Dudu 7 cordas (violão), Gabriel Pardal (pandeiro) e Leo Benon (Cavaquinho). Excelentes, por sinal. Eles ficam na parte externa do restaurante, o que deixa o ambiente mais descontraído e gostoso. Música de qualidade num excelente ambiente. Uma combinação perfeita. É maravilhoso ver músicos jovens preservando e aprimorando o que temos de melhor em produção musical. A casa oferece este projeto desde 2010. Lá vocês terão a oportunidade de ouvir estes e outros músicos que aparecem de vez em quando para dar uma canja. Para quem curte chorinho e um papo gostoso sugiro uma ida a esta roda de choro.
No momento eu ainda estou tentando acertar os dedos nas cordas do bandolim. Mas no futuro, quem sabe, serei uma grande "chorona" e "bandoleira" e também tocarei naquele canto mineiro e enfeitiçado.

Anita Safer