domingo, 26 de abril de 2020

Isola!

Quem imaginaria que um dia enfrentaríamos uma pandemia capaz de virar todo o mundo de cabeça pra baixo? Acho que ninguém, né? Epa! Tem uma pessoa sim. O Bill Gates - que em 2015 afirmou em uma palestra que o grande risco pra humanidade não era uma guerra nuclear, mas um vírus poderoso que poderia ameaçar a vida de milhões de pessoas. Daí começaram as fake news, sugerindo que Bill (gosto de parecer íntima de bilionários; vai que 'bilionarice" pega...hehehe) teria criado o vírus pra depois oferecer a cura. Pode isso, Bill?
O fato é que a coisa aconteceu e estamos vivendo o inimaginável. A maioria da população do planeta isolada em suas casas. Outro tanto não podendo seguir as orientações por precisar trabalhar em serviços essenciais. Outro tanto burlando o sistema e flertando com o perigo, ou por necessidade financeira ou por achar que tem o corpo fechado e é só uma "gripezinha".

Os efeitos colaterais da abstinência de rua começam a se manifestar em mim:

- Descobri que meu cabelo é capaz de conviver com 50 tons de cinza e ainda crescer ao infinito e além;
- Olho pros meus gatos de igual pra igual. Saímos de um sofá pro outro espreguiçando. Passamos o dia atacando o prato de ração (ops, de comida, no meu caso. Olha só a bagunça que tá ficando minha cabeça!);
- Meus braços começam a perder aquele bronzeado que tanto destoava da brancura do meu bucho;
- Aquelas tarefas domésticas, que eu achava o trem mais chato do mundo, agora me salvam do tédio (quem poderia imaginar esse milagre?)
- Saudade dói demais!!!!
- A coceira no rosto é acionada automaticamente na hora em que você põe a máscara no rosto.
- Sinto no meu peito a dor dos outros. Dor dos que sofrem nos hospitais, dos que perdem os entes queridos, dos que não conseguem atendimento médico, dos profissionais de saúde. Também dos que perderam suas fontes de renda... 
- Me pego  chorando ao ver algumas manifestações de afeto - pessoas que batem palmas pros curados, que comemoram aniversários nas janelas...
- Sinto um desamparo profundo ao perceber que não temos uma autoridade no País pra nos ajudar a enfrentar esse momento, pois quem deveria fazê-lo está ocupado tocando fogo no parquinho.

Mas a vida segue, um dia após o outro e tudo isso vai passar. Porque tudo passa (não, não vou fazer aquele trocadilho de tio sobre as uvas...rs). Enquanto isso vou usando a criatividade pra fazer uma comida com o que tenho em casa e cantando...
Aí eu penso... Será que vai piorar?... Isola!

Anita Safer

sábado, 11 de abril de 2020

O amor nesses tempos estranhos

Foto: Romero Perotto
Estranhos dias esses que estamos vivendo. Não podemos abraçar e nem ficar junto de quem amamos; porque os amamos! Não é estanho?
Por amor nos privamos da liberdade de ir e vir, para que o pessoal da saúde possa se proteger e nos salvar. Os que trabalham com serviços essenciais estão correndo risco por nós. É o amor e a empatia que faz com que nos preocupemos com aqueles que perderam seus empregos e rendas. Neste estranho momento esperamos que sejam protegidos e assistidos pelo Estado, afinal, para isso seus representantes foram eleitos.
Então traçamos estratégias pra lidar com tudo isso. Pessoas cantam e tocam instrumentos nas janelas e nas redes sociais. A arte cumprindo sua tarefa de proteger nossa saúde mental. Afinal, o que seria de nós sem os artistas? Com suas músicas, filmes, escritos, estão sempre nos transportando a um lugar melhor. Enquanto isso, cientistas de todo o mundo buscam - incessantemente - a cura, o alívio para esse vírus que, tão pequeno, mostrou nossa pequenez.
Nesses tempos estranhos não devemos nos deixar seduzir pela ideia de que não estamos vivendo tempos estranhos. Não são tempos de férias, onde podemos caminhar pelas ruas e parques. É o tempo da espera, para que ao fim possa vir um novo começo; a reconstrução de tudo.
Tudo por amor. 
Hoje os pássaros cantaram alto em frente à minha janela. Sempre cantaram, mas meus ouvidos não estavam tão treinados para ouvir, pois os sons da cidade não permitiam. Eles vivem a liberdade e devem se perguntar que tempos estranhos são esses em que os humanos estão engaiolados.
Pássaros, nós também amamos a liberdade. Para usufruirmos dela, e por amor, ficamos o máximo possível em casa. Vamos nos proteger e proteger quem amamos, para sairmos juntos desses tempos estranhos.

Anita Safer