sábado, 31 de agosto de 2019

Forró Ispilicute: Matando a saudade

Arquivo pessoal: Ispilicute das antigas com as "bunitas" de sempre
Meu irmão, Clodo Ferreira,  tem uma música chamada Mentira da Saudade. O que é mentira da saudade? É quando você revisita algo ou algum lugar do passado e vê que as coisas não são exatamente como você lembrava. Um trecho da letra diz: 

"Tirando as pessoas encantadas 
E alguma alma bem-amada
O resto é mentira da saudade..."

Em 2013 escrevi neste blog sobre o Forró Ispilicute, que acontecia todas as sextas no Cota Mil Iate Clube de Brasília. Fui frequentadora assídua desde o início. Recentemente o forró mudou de endereço duas vezes. Ontem, porém, aconteceu uma Edição da Saudade, lá no Cota Mil  (onde tudo começou). Claro que fui. Fui acompanhada das minhas amigas "bunitas" com muita vontade de dançar e alegria no coração.  O que vi lá? Que não era "mentira da saudade". A magia que existe naquele forró, naquele ambiente, é uma coisa gostosa de sentir. Estava lotado e as pessoas se abraçavam como se tivessem voltado pra casa.  E como disse em 2013 - e reitero - o DJ Lêu é o melhor e é "o DJ que agita a galera do forró pé de serra".
Naquele ambiente nasceram grandes amizades, amores. No palco, oportunidade de grandes bandas locais e nacionais se apresentarem. No salão, aulinha para ensinar novos passos e fazer com que todos se sintam  acolhidos. 
Agradeço imensamente à Cris, que nos presenteou com a criação deste forró e ao Cota Mil, que nos recebeu pra este evento e nos fez sentir em casa. Todos adoramos rodopiar naquele lugar especial, que se tornou um ponto de encontro para os forrozeiros da cidade. 
E na próxima sexta tem de novo. E que outros e outros e outros venham, afinal,  não é mentira... Só saudade! 

Anita Safer


terça-feira, 20 de agosto de 2019

A sombra que nos assombra

Foto: Matias Monteiro
Filme de terror novo no cinema? Me segura.... Preciso ir passar medo! Chamo meu companheiro especial para filmes de terror, o Arth, e sua mãe - que adoramos torturar - e vamos lá. O filme promete. Histórias assustadoras para contar no escuro é o nome do filme. Por que promete? Porque é produzido por Guillermo Del Toro (que não é o ator Benício del Toro, sempre confundo os dois). Guillermo é um diretor/produtor/roteirista mexicano que faz uns filmes com uma pegada diferente. Premiado recentemente com o Oscar pelo filme A Forma da Água. Pois bem, fomos conferir, munidos de pipocas gigantes e refrigerantes (que são sempre mais caros que os ingressos). Não vou falar do filme em si. Tem aqueles elementos clássicos: halloween (sim), jovens de cabeça oca (sim), casa mal assombrada (sim), cenas de susto com aquele som de susto que faz você dar um pulo na cadeira (sim), o Arth não achou grande coisa (sim); porque o Arth é expert em filmes de terror e não se agrada tão facilmente, aliás, um dos meus sonhos de vida é encontrar aquele filme que ele dê nota 10. Enquanto isso não acontece, seguimos com nossa saga em busca do terror perfeito.O que gostei no filme, além da ambientação e fotografia, foi que achei que tinha um fundo filosófico no meio. Nova categoria: Terror filosófico...rs. 
Somos assombrados por nossas fragilidades, por histórias que contaram, ou nós mesmos criamos, a nosso respeito. Somos assombrados por abandonos, carências, por atitudes que tivemos e nos punimos, por coisas pelas quais nunca nos perdoamos. 
Na psicologia Carl Jung trouxe o conceito de sombra. Seria aquela bagagem reprimida da nossa personalidade que jogamos, de forma inconsciente, na maioria das vezes, pra debaixo do tapete. Todos nós, seres lindinhos e perfeitos que somos, temos esse lado sombrio. Mas, além dessa sombra, temos aquelas lendas pessoais assustadoras. Pesadelos marcantes ou histórias contadas na infância que nos marcaram, tipo a mulher da faca "passando manteiga no pão", o velho do saco que carregava crianças teimosas... Eu mesma tinha um pesadelo recorrente com uma velhinha que me esfaqueava quando eu chegava em casa. Eu até tentava enganar a chata da velha  com entradas alternativas, tipo entrar pela janela, mas a velha era sempre mais esperta que eu e me pegava de todo jeito. Acho que vou falar pro Del Toro escrever algo sobre aquela velha maldita, quem sabe ele ganha mais um prêmio com o filme A Forma da Véia...hihihi. 
Bem, esse texto não é uma indicação cinematográfica, até mesmo porque muita gente não gosta do gênero. Mas podemos trocar figurinha sobre os medos que nos assombraram ou nos assombram ainda. Dizem que o enfrentamento pode nos ajudar a nos libertar deles. Por isso, se cuida, senhora idosa do meu pesadelo, não sou mais aquela garotinha.

Anita Safer