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Foto: Thiago Lopes |
Vou eu dirigindo "rumo ao meu rumo". Precisava muito entrar à direita na rua principal. Apesar do meu carro piscar insistentemente sua seta sedutora, demonstrando a intenção de mudar de faixa, os carros ao lado ignoravam. Seus condutores deveriam estar com as mentes ocupadas por providências a tomar, não tinham tempo para seduções e gentilezas. Opa! Uma possibilidade agora, depois daquele carro branco. Agora dá. É agora ou nunca. It's now or never. Virei, não antes de levar uma buzinada da moça do carro cinza. Ela estava no tal do ponto cego. Que dizem que existe e existe mesmo. A gente não vê o ponto, então não entendo como um ponto que ninguém vê ao certo pode-se afirmar que seja cego, mas as coisas desaparecem mesmo misteriosamente naquele lugarzinho do retrovisor. São abduzidas e reaparecem depois, quase sempre acompanhadas de freadas bruscas ou buzinadas. Nesse caso foi só a buzinada mesmo. Mas foi uma buzinada leve, até mesmo aveludada. Apenas uma pequena advertência, gentil, um simples bibip, como quem diz: "Cuidado, você tá ameaçando invadir meu espaço, posso até bater em você se eu quiser, mas não o farei porque sou gentil e tenho uma buzina educada". Ainda bem! Poderia ser outra buzina qualquer, como aquela que ouvi em outro momento; mas não pra mim, no caso. Era uma buzina irritada e irritante, que berrava de forma estridente na traseira de um carro indeciso que vacilava em entrar, ou não, no estacionamento pago.
Quis gritar para o homem... Homem, não entre neste estacionamento pago! Jamais! Eu já cometi esse grave erro. Só de entrar você fica falido. Quando o Natal está chegando você precisa priorizar; ou paga o estacionamento ou faz a ceia, os dois não dá. Se pagar o estacionamento, comprar presentes fica inviável. Exagero meu pensar assim. Aliás, ser exagerada nos meus pensamentos é uma especialidade que desenvolvi. Pensei então na roupa que deveria usar numa confraternização à noite, nesta meia estação - meio calor extremo, meio extremo calor.
Peço desculpas a quem achou que vou dar à luz por causa do título do texto. Não estou grávida, nem fazendo este tipo de pré-natal. É que esse período do ano é quase um parto. Mas é só uma preparação para o Ano Novo, onde a gente renasce com nossas promessas e planos que, quase sempre, serão esquecidos. Mas desta vez não (é o que sempre digo, tenhamos fé).
Anita Safer
Ri muito...
ResponderExcluirVocê também tá fazendo o pré-natal, Marcinha? hahaha
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