quinta-feira, 26 de abril de 2018

Um café com afeto, por favor.

Eu e alguns dos meus irmãos começamos a nos reunir uma vez por semana pra tomar um café. Pronto, não consigo resistir, preciso criar uma lista para a situação.
Quem me conhece sabe que amo uma lista. Então fiz uma relação de diversos cafés na cidade. Para minha felicidade tenho os irmãos mais incríveis do mundo, que conseguem compreender minhas manias bizarras. Eles aceitaram o desafio e começamos a Saga dos Cafés com Afeto. 
Eu não sou de tomar café, pra ser sincera. Mas ir para um Café não quer dizer, necessariamente, tomar café. Ir para um Café é um ato de amor. Você nunca, jamais, convida um desafeto para ir em um; pelo menos não deveria. O café sairia amargo demais. Você convida as pessoas com quem gosta de estar, para falar da vida, dos acontecimentos, dos sentimentos. Pessoas com quem você fica horas conversando, ou em silêncio, porque  sabe que se estão juntos em um café é  para dividir um momento de pura ternura e encantamento. 
Pelas minhas contas já temos cafés garantidos pra mais de um ano; depois quem sabe partiremos para almoços,jantares,  bares... Posso fazer uma lista incrível de possibilidades...hehe.
São muitos lugares para conhecer dentro da nossa cidade e muitos os afetos que temos pra trocar. E aquele cheirinho gostoso de café, o tilintar das colheres nas xícaras e as companhias queridas me fazem lembrar do que aquece meu coração.

Anita Safer


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Uma linda senhora chamada Brasília

Foto: Simone 
Recebi um telegrama do meu pai com os seguintes dizeres: Parabéns pelos seus dois aninhos. O papel amarelado e cheio de vincos foi lido e relido toda a minha vida. Especialmente porque ele faleceu três anos depois, mas o telegrama resistiu como prova de sua existência e de seu carinho por mim. Na ocasião do telegrama ele estava no Piauí e nós já estávamos em Brasília.
Do Piauí eu trouxe o amor por pitombas e bacuris, o gosto por balançar em redes e o calor entranhado na pele. Trouxe nas veias a herança ancestral das minhas famílias de pai e mãe. Tenho muito amor pela minha terra.
Cresci em Brasília e com Brasília. A cidade era toda feita de distâncias, terra vermelha e redemoinhos. Na infância vi prédios sendo construídos, avenidas tomando formas naquela imensidão sem fim. Por sermos todos pioneiros éramos muito próximos e formávamos uma grande família; espalhada pelas poucas e jovens superquadras. Assim brincávamos, brigávamos, vivíamos o primeiro amor e mais alguns, às vezes.
Na adolescência as festas aconteciam nos apartamentos, sem que os vizinhos reclamassem, pois os filhos de todos estavam lá. Embaixo dos prédios sentávamos em roda, tocávamos violão e falávamos de tudo. Com toda a calma do mundo. 
A cidade cresceu e hoje é uma linda senhora. Brasília é diferente, sempre tem algo a ser descoberto. É como uma mulher enigmática, que revela-se aos poucos; e eu aprendi a olhar sempre pro céu. O céu de Brasília, que é cantado e descrito em poemas, é lindo de doer. É a minha paisagem, como para alguns é a praia no litoral, a vegetação de mandacaru no sertão.
Amo esse lugar. Posso viajar o mundo, mas aqui é minha casa. Aqui eu danço, escrevo, amo, desenho e vivo tudo o que sou.
Escrevi tudo isso pra Simone, minha amiga que também viveu uma trajetória assim e disse querer ler algo escrito por mim sobre a cidade. Ela também faz parte da minha paisagem há muitos anos. Uma amiga que é uma Beleza, com perdão do trocadilho. Sem contar que tenho poucos leitores e não quero perder os poucos que tenho...rs
Beijos Brasília, beijos Simone. Grata por me acolherem e fazerem parte do que sou.

Anita Safer

domingo, 15 de abril de 2018

Fui de Caranova

AMO forró. Sei lá. Tá na minha veia nordestina, é mais forte que eu. Lembro que anos atrás entrei numa aula de dança de salão. Não dançava nadica de nada, mas desde o primeiro dia foi como se eu tivesse ganhado um par de asas. Ainda bem, porque o par de pernas mesmo não me levava pra lugar nenhum quando se tratava de dança...hehehe. E entre todos os ritmos que fui aprendendo o forró bateu com força no coração e fincou a bandeira do 'fico'. Então foi um tal de sair procurando por toda a cidade onde tinha forró e a primeira banda que tocou meu coração foi o Trio Caranova. Sabe aquele forrozinho simples e gostoso, tocado de um jeito manso? Esse encontro com eles foi há uns nove anos atrás. Dancei muito ao som da sanfona, zabumba e triângulo e do vocal alternado entre Maciel e Vieira. 
Foto: Isabel Andrades
Foi uma alegria quando me convidaram para ir ao Fulô do Sertão (404 Norte) e dei de cara com eles. Eles estão tocando aos sábados lá, minha gente. De vez em quando pode acontecer de ter uma mudança na programação, então é bom conferir com o Fulô antes. Tô avisando pra que meus amigos forrozeiros saibam que tem agora mais esta ótima opção pra arrastar chinelo e "relar o bucho".

"O candeeiro se apagou
O sanfoneiro cochilou
A sanfona não parou 
E o forró... continuooooouuuuu..."

Anita Safer








quinta-feira, 5 de abril de 2018

Vale a pena ver de novo


Há uns anos atrás meus filhos me fizeram uma linda surpresa. Era um vídeo, daqueles com fotos e músicas, onde retratam a sua vida. Lembro que no dia eu ia com uma amiga ao show do Hugh Laurie (o ator que faz o Doctor House numa série americana e também é músico de jazz). Assistimos ao vídeo antes de irmos ao show e eu acabei indo ao evento com aquele nariz de batata, que acontece quando a gente chora muito. Depois nunca mais vi esse vídeo, mas este ano o recebi novamente, no melhor estilo Vale a Pena Ver de Novo. No meu caso, vale a pena chorar de novo, vale a pena ficar novamente com o nariz de batata. Só faltou o show do Hugh Laurie, para delírio da minha amiga que o ama de paixão.

O vídeo vai mostrando fases da minha vida, começando com minha mãe, passando por minha infância. E lá estou eu, magrela, com a perna torta, correndo - com a Torre de TV ao fundo - com as botas brancas
que ganhei do meu irmão (Valeu Cli, amava essas botas com toda a força do meu ser e não queria tirar por nada no mundo). E por aí vai. Cabelo preto, cabelo loiro, franja, encaracolado, liso. Meu Deus! Que roupa é aquela??? E esses óculos, gente??? Família, amigos, muito amor envolvido. 
Em algumas fotos tô toda bagunçada, desarrumada mesmo; mas logo percebo que quem nos ama de verdade nos vê por uma outra lente. Eles procuraram retratar as memórias afetivas, a mãe que eles conheceram a vida toda em momentos diversos. Deram ênfase aos momentos em que eu estava feliz, rodeada de pessoas importantes pra mim. 
O resumo da ópera é que percebi que o bom é viver assim, cercada de pessoas que nos amam do jeitinho que somos; gordos ou magros, feios ou bonitos, em momentos felizes ou tristes. Pessoas que não ficam nos julgando, porque conhecem nossas qualidades e limitações. Gratidão eterna pela oportunidade de ser mãe dessas criaturas incríveis e que me ornam com um lindo e grande nariz de batata de pura emoção e alegria.

Anita Safer