quinta-feira, 22 de março de 2018

As palavras e seus enredos

Foto: Márcia Alves
Comunicação é uma coisa engraçada, às vezes. Uma pausa numa frase, uma palavra com mais de um sentido, tudo isso pode tornar o que seria uma informação simples em algo pra gente rir ou se envergonhar. Hoje mesmo aconteceu uma situação dessas comigo. Ontem bati meu carro. Nada grave, meus pedaços estão todos aqui, parece até que apareceram mais umas gordurinhas...hehe. Na verdade foi daquelas batidas bobas, mas tive que acionar o seguro e comunicar o Sinistro (Sinistro... Buuuuu... já começou, olha só que palavra engraçada pra representar uma batida ou acidente). Pois bem, liguei para a seguradora e fui atendida pelo simpático Felipe. Ele super educado. Eu nunca tinha acionado um seguro antes, abri logo o jogo:

-Felipe, bati meu carro... blábláblá... como nunca precisei acionar um seguro, pelamordeDeus me explica o que eu preciso fazer...
- Fique tranquila, eu terei imenso prazer em te ajudar na sua primeira vez... (Pausa para a frase ficar bizarra)... em acionar o seguro.

Hahahaha. E ele foi mesmo muito delicado na minha "primeira vez". Comentei depois com as pessoas em casa e demos boas gargalhadas. Aí comecei a lembrar de outras situações assim, engraçadas.
Trabalhei em uma escola e a amiga que trabalhava comigo (muito lindinha e charmosa, diga-se de passagem) estava atendendo um pai no balcão da secretaria. O pai fez a matrícula e perguntou pra ela:

- A senhora me passa a relação de material?
Olha só a resposta dela

- Senhor, nós só teremos relações no início das aulas...

O pai ficou com uma cara engraçada e eu segurando o riso, que, claro, se soltou assim que o pai foi embora. A gente riu bastante.

Minha filha trabalhava em uma livraria e uma pessoa procurava um controle de vídeo game. A amiga dela já gritou logo lá de longe:

- Nós estamos sem controle!

Tem uma situação com uma irmã também (Não vou citar qual o nome da irmã nem sob tortura... tudo bem, se você insistir e me pagar uma banana split eu faço uma delação premiada). Fomos num show e depois do mesmo resolvemos tomar um café na lanchonete do local. Como já estava tarde o garçom informou que não estavam mais atendendo novos pedidos porque estavam fechando. Minha irmã olhou pra ele e disse:

- Ok, então nós vamos tomar noutro lugar...


E assim a gente vai se divertindo entre uma batida e outra, entre um café e outro, entre um trabalho e outro. A vida segue, com seus problemas grandes e pequenos, mas sempre aparece uma gracinha no meio do caminho pra promover um pouco de leveza.

Anita Safer


sexta-feira, 16 de março de 2018

Vejo flores onde não havia

Na quadra onde moro tenho acompanhado, há um certo tempo, uma mudança de paisagem. Em um dos prédios o síndico começou a fazer um jardim. Mas não é um jardim feito de qualquer jeito, é um lindo jardim. Eu não sei seu nome, nunca nos falamos, mas tenho acompanhado seu trabalho de florescer o caminho por onde passo. Aos poucos o jardim vai se expandindo. Inicialmente em torno do bloco e a cada dia mais um pouco. Meus olhos vão se maravilhando com tanta beleza.
Naquele trabalho feito por ele - silencioso, persistente e solitário - sinto a força de uma revolução. Sei que muitas pessoas, assim como eu, sentem-se mexidas com a atitude dele. 
Em Brasília temos presenciado a cidade se desmanchando através de seus concretos negligenciados por muitos anos. Um viaduto cai aqui, uma ponte está ameaçada ali. Neste contexto uma pessoa faz sua parte e cuida do seu jardim.
Será que só os gestores públicos estão negligenciando suas paisagens ou eu e você também estamos? Será que cuidamos de "nossos jardins"? Será que florimos nossas vidas com bons sentimentos? Será que nutrimos a "terra" dos nossos corpos? Será que tiramos as ervas daninhas dos nossos pensamentos? Não posso responder por nossos governantes, nem por mais ninguém, mas vejo que tenho muito a aprender com o gesto desse homem. Preciso não só plantar coisas boas, preciso conservá-las, num trabalho diário e incansável. Planta por planta, flor por flor. Buscar a harmonia do meu jardim. Algumas atitudes grandes e frondosas, outras pequenas e singelas. 
Gratidão a todos que passam pelo meu caminho, conhecidos ou desconhecidos, que me inspiram e jogam sementes no meu terreno, por vezes árido.

Anita Safer

sexta-feira, 9 de março de 2018

A Vida é Bela... E será toda dela

Quando eu soube que minha nora estava grávida eu fiquei... Estática. Estátua. Parada. Inerte. Abobalhada. Não conseguia reagir. Primeiro porque podia ser uma pegadinha. Eles colocaram o resultado do exame na caixinha de correio e ficaram olhando pra mim quando eu o abri, sem ter noção do que me esperava. Até filmaram, os safados...rs. Filmaram a minha cara de pastel. A emoção era imensa e eu tinha medo de acreditar e ser só um sonho, e eu despencar na realidade a qualquer momento.
Vieram então as ecografias. Primeiro aquele feijãozinho, que todo mundo conhece. Mas eu sabia que aquele feijão mágico, assim como na história infantil, nos levaria aos ovos de ouro. A partir da ecografia já dava pra ver a criaturinha. Epa, mas ela tá com a mãozinha na testa. Estilo sofrência. Veio a segunda ecografia... E a terceira. Ela crescia! Mas a mão da sofrência estava lá. Meu Deus! Vou ser avó da MaiaraeMaraísa, SimoneeSimária, Naiara Azevedo (essa tem um nome só pra ela...hehehe). Ou será que ela estava posando pra uma estátua de Rodin, estilo O Pensador?
Mas chegou o grande dia e eu entrei em trabalho de parto...hahaha. Minha nora sentia uma contração de lá e eu outra daqui. Que coisa louca. Nasceu de madrugada. Chegou "causando", E a espera para vê-la na maternidade foi mais demorada que os nove meses. Fui no carro repetindo o mantra... Não vou chorar feito uma louca, não vou chorar feito uma louca... Vocês já sabem o resultado do drama. Chorei. Chorei feito uma louca varrida. Me rendi diante das bochechas rosadas da Isabela. Da boquinha linda, da mãozinha gorda... Ops... ela não estava com a mãozinha na testa. Aí percebi que a sofrência dramalhona era toda minha. Afinal, um dia a gente chora por amor e o melhor choro de amor é esse, por alguém que merece todas as nossas lágrimas - de alegria. 
Vem para os meus braços e pra minha vida, minha bela Isabela. Vamos cantar juntas umas modinhas, uns forrós, ou um rock pauleira, o que você quiser. Porque só desejo que você seja exatamente quem quiser ser. Te amo!

Anita Safer