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Foto: Tina Arce |
Por que lembrei disso? Quase sempre faço o mesmo trajeto nas
minhas caminhadas. De repente, percebi umas pequenas árvores que nunca tinha
reparado que estavam lá. Fiquei curiosa. Elas tinham uns troncos bem fininhos com
umas folhas bem grandes. Tirei uma foto e acionei um exército de pessoas
entendidas nesses assuntos arbóreos. Nada. Ninguém sabia. Eram muitas as
suspeitas. Seria um ipê-roxo? Nem a mais bambambam no assunto conhecia a
planta.
A tal planta tentou ser misteriosa em vão, porque minha
irmã, Tina, é uma ciclista observadora de paisagens que percorre toda a parte
norte da cidade. Fazendo seu passeio por um parque ela reconheceu a tal árvore, que tinha uma placa de identificação: Sterculia Striata (cujo nome popular é
Chichá do cerrado). Nada como uma irmã ciclista e investigadora botânica.
O fato é que passando por elas hoje, me lembrei do livrinho
que escrevi. Me lembrei também da criança que eu era e que se perdeu um pouco
no decorrer da vida. Retomei, por uns instantes, a minha capacidade de
maravilhar-me com as árvores e comecei a olhar uma a uma. Suas folhas, suas
flores. As nativas do cerrado, tão lindas, com seus troncos retorcidos.
Não olharei mais para uma Chichá da mesma maneira. Para mim
ela agora será uma Aninha. E o crítico estava certo; uma árvore é, sim, uma
esperança.
Anita Safer