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Foto: Divulgação |
Na água lodosa, no Oriente, uma flor consegue brotar. A flor de lótus. Suas raízes estão fincadas na lama, mas ela aparece com toda a sua beleza na superfície aquática. Durante a noite fecha suas pétalas e quando o dia amanhece as abre, mostrando suas cores e beleza. Considerada uma flor sagrada em muitas culturas, símbolo de elevação espiritual, elas hoje estão expostas, em forma de origami, na Unidade Básica 7 de Ceilândia, no Distrito Federal.
A artista de origami, Ludmila Magalhães, com seu grupo Bem Dobrado, confeccionou mais de cinco mil flores de lótus de origami para homenagear os mortos pela Covid 19. Por coincidência, este foi o número de mortos no DF na ocasião da montagem do painel. Uma forma também de reconhecer o esforço dos profissionais de saúde na luta contra esta doença. O painel foi montado numa U.B.S. onde funciona um posto de vacinação. Além do valor estético, a obra montada é uma representação da empatia que precisamos todos demonstrar aos que perderam a vida e aos seus familiares.
Assim como a flor emerge no lodo, o carinho e a esperança podem emergir neste momento em que todo o planeta sofre. Para superar, precisamos de amor, de cuidados, de colaboração mútua, da ciência.
Me sinto honrada e me emociono por ter participado deste projeto. Parabenizo à Lu pela linda iniciativa. Também parabenizo cada pessoa que colabora para que este momento seja menos difícil; doando alimentos aos que necessitam, consolo aos que sofrem, se privando de abraços e presença física para se proteger e proteger aos demais, aos cientistas.
O I Ching, oráculo secular chinês, sempre diz que precisamos atravessar a grande água, ou seja, superar as dificuldades e seguir em frente. Façamos como a flor de lótus, que atravessa a água para cumprir sua função, tornar este mundo um lugar mais bonito de se viver.
Anita Safer