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Ilustração: "Escapismo" de Isadora Duarte |
Eis o dilema: Como escrever sobre coisas simples e leves em meio a tanto sofrimento como temos visto? Como falar de amor e delicadezas num ambiente contaminado pelo ódio e intolerância? Seria como se eu fosse uma alienada, uma Alice no País das Maravilhas.
Talvez em função dessas inquietações tive um sonho lindo um dia desses. Sonhei que me encontrava com John Lennon e tínhamos uma linda, longa e inspiradora conversa. No sonho ele desnudava minha alma e dizia saber da minha tristeza em relação ao que estava acontecendo com o mundo e com as pessoas. Mas ele dizia que muitas outras pessoas também se sentiam como eu e estavam acuadas. O fato de estarem acuadas não estava permitindo os encontros.
Ele sugeria que eu buscasse a alma leve em meio ao caos, o amor em meio ao ódio, o sorriso sincero no meio da dor. Para que cada um que se sentisse desalentado ao meu redor soubesse que não está só.
Esse é um breve resumo do sonho, tipo um trailer...hehe. Mas acordei muito emocionada, chorando. Com o sentimento de que é preciso, sim, resistir. Aceitar as diferenças. Acreditar nas pessoas, verdadeiramente do bem, que não destilam ódio. Seguir a intuição e o coração. Acreditar em sonhos. Na música Dream do meu amigo íntimo e querido John Lennon (olha os indicadores e polegares se juntando de novo, minha gente), ele diz:
"Sonhe, sonhe sempre.
Magia no ar, tinha magia no ar?
Eu acredito, sim, eu acredito"
Anita Safer