sábado, 29 de abril de 2017

Heróis do cotidiano

Foto do arquivo pessoal de Vítor e Liana
Um dia desses, num programa de TV, mostraram a história de um motorista de ônibus que viu um motociclista pegando fogo depois de um acidente. O motorista teve uma baita presença de espírito; parou o ônibus de forma segura, pegou o extintor, desceu correndo e socorreu o rapaz. No melhor estilo "The Flash". Ele poderia ter pensado "alguém vai socorrer, não posso ajudar porque o ônibus tá cheio de passageiros". Mas ele fez o que era mais importante. Estava atento e foi sensível ao sofrimento do outro. Agiu heroicamente.
Admiro demais atitudes assim. Eu sou muito estabanada, pendendo mais pra um desastre urbano...hahaha. As pessoas precisam ser salvas de mim, às vezes. Uma vez, num supermercado, dobrando a esquina de uma prateleira, esbarrei e derrubei uma laranja gigante. Era um rapaz vestido de laranja, que fazia promoção de um suco. O coitado saiu rolando e não conseguia se levantar. Eu fui ajudá-lo, mas preferi levantá-lo pelas costas - numa atitude covarde, confesso, com vergonha de olhar nos olhos alaranjados dele - com reiterados pedidos de desculpas. Ele deve ter ficado furioso comigo, com todos os "gominhos" do seu ser.
Voltando ao assunto de salvar os outros, lembrando ainda da minha falta de habilidade pra feitos assim... Quando eu era adolescente ia atravessando a rua e vi que um rapaz vinha muito distraído no sentido contrário. Do nada, vinha um carro em alta velocidade. Preciso salvá-lo, pensei. Corri e o empurrei pro outro lado da pista. Fiz um ato heróico!!! Só que não. Quase matei o rapaz que se estabacou no meio fio. Ele ficou meio atordoado, mas até que entendeu minha boa intenção. Talvez eu não tenha mesmo vocação pra heroína.
Desejo, de coração, ser uma pessoa mais atenta e que consiga agir de forma adequada quando me deparar com uma situação em que possa ajudar alguém, ou evitar que algo ruim aconteça a ela. Mas me lembrei que todos nós temos nossos pequenos atos de heroísmo. Muitas vezes fui, e sou, salva da tristeza, do tédio, de situações difíceis, por pessoas especiais que me estendem a mão na hora certa. São meus heróis e heroínas do cotidiano. Quero crer que eu também esteja sendo capaz de salvar vidas com um abraço, uma mensagem, uma escuta atenta e carinhosa. Neste mundo, com tantos perigos internos e externos a nos rondar, precisamos cuidar mais uns dos outros.

Anita Safer

domingo, 23 de abril de 2017

O piquenique das Bunitas

Foto: Mariana Cerveira
A gostosura da vida está nas coisas mais simples. Um grupo de amigas se reúne com vestidos floridos, alguns chapéus e um lanche compartilhado sobre uma toalha na grama. Assim foi o piquenique das Bunitas no CCBB. Sim, Bunitas, assim chamamos umas às outras. Nossa "buniteza" está expressa no carinho e na delicadeza da nossa amizade. Um salão de forró nos uniu e a amizade se esparramou pra todo canto, feito as raízes de uma árvore antiga.
Nesta tarde falamos de vida saudável enquanto comíamos um pão aqui, um salgado ou fruta ali - entre amigas podemos ser incoerentes, sim!
Sílvia se remexia de um lado pro outro, buscando uma posição confortável. Conversamos sobre coisas diversas. Generosamente, Mari leu um capítulo do livro A Ciranda das Mulheres Sábias, de Clarissa Pikola Estés. Nos identificamos com as quatro avós, personagens do livro; elas também dançavam e encantavam. Tinham o "vigor da velhice" que desejamos ter. O relato foi acompanhado pela risada gostosa da Márcia.
A noite chegou e uma borboleta branca resolveu pousar pra escutar nossos assuntos mais profundos. Só foi embora quando percebeu que nós também já iríamos levantar voo. Saímos metamorfoseadas pelo encontro. Gratidão!

Anita Safer