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Foto: Arquivo Pessoal |
Agora parti para
um mergulho mais profundo. As dores superficiais já haviam sido aliviadas.
Então era hora de remexer naquelas gavetas velhas que nunca foram organizadas.
Cheias de poeira e traças. Estou fazendo psicanálise. Deste baú tenho começado,
aos poucos, a jogar coisas fora. São certezas, medos infundados (na verdade
nem eram infundados, eles foram verdadeiros naquele momento, mas não preciso
carregá-los indefinidamente, preciso dar espaço para novos...rs); impressões de
uma menina assustada que fui e ainda sou.
O início de um
processo terapêutico é difícil. Vou fazer uma analogia, como sempre... Quando
reformaram a portaria do meu prédio - que ficou linda, por sinal – eu fiquei
indignada porque colocaram uns espelhos enormes e eu tinha que me deparar com
minha imagem inteira, toda gordinha, refletida. Eu só gostava de olhar pra
espelhos minúsculos que mostrassem apenas meus belos olhos ou meu sorriso
encantador. Ao fazer análise aconteceu a mesma coisa; comecei a me ver inteira,
as partes agradáveis e as detestáveis. Mas aos poucos vou me observando, me
vendo por vários ângulos e me conhecendo. Posso fazer alguns retoques aqui e ali,
onde for possível e desejável. Outras coisas eu vou aprendendo a aceitar como
parte do que sou. Hoje entendo porque escolhi o nome do meu blog EIS O QUE NÃO
SEI, tenho muito ainda o que descobrir e agora sei que não preciso saber de
tudo.
Um amigo disse que
não faz terapia porque sabe tudo o que o terapeuta vai dizer. Quem dera fosse
assim, que alguém nos desse todas as respostas, tirasse todas as nossas
angústias e resolvesse todos os nossos problemas. Outra pessoa me disse: Eu não
vou fazer terapia, pra que? Pagar um dinheirão pro terapeuta dizer que sou eu quem tem que encontrar as respostas? Tô pagando pra que? hahahaha. Mas
esta falou de brincadeira. Confesso que tinha medo de me transformar naquelas pessoas que usam a terapia pra falar tudo o que querem, do tipo - Comigo não, agora sou uma pessoa analisada e por isso blábláblá... Despejar anos de frustrações e ressentimentos. Ao contrário disso, tenho tido mais consciência das minhas limitações, o que de alguma forma, me ajuda a compreender um pouco mais as limitações dos outros. Aprender a dizer não é um outro desafio; mas não é justo dizer sim para não magoar o outro quando este mesmo sim me magoa ou não é verdadeiro. Outras vezes me compadeço tanto com a dificuldade do outro que me sinto na obrigação de fazer algo para aliviar a sua dor. Mas existem dores que apenas o outro pode carregar, não posso fazer isso por ele, assim como ninguém pode carregar as minhas. Cada um tem a sua forma de vivenciar suas experiências. Isso é muito individual. Sei que é bom procurar alívio
para as dores, sejam elas de ordem física, mental ou espiritual. Eu só tenho a
agradecer a pessoas como Wallace, Luciana Leite e Tales (terapeutas e analistas)
Nessa viagem que é a vida é muito bom contar com o apoio de profissionais como eles, que ajudam as pessoas a se livrar do excesso de bagagem.
Nessa viagem que é a vida é muito bom contar com o apoio de profissionais como eles, que ajudam as pessoas a se livrar do excesso de bagagem.
Anita Safer