quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ano Novo, de novo!



Foto:  Érica
Pronto. Depois de alguns meses estamos nós na beirada de mais um Ano Novo, de novo. Ainda bem, né? Quer dizer que ainda estamos por aqui. Às vezes não vemos sentido nesta história de Ano Novo, afinal, é só um dia a mais na história da nossa vida; mas compartilho o pensamento de Carlos Drummond de Andrade quando escreve:



"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente”.



A gente precisa de fôlego, não dá pra correr sem dar uma trégua, beber uma água, recobrar as energias, recarregar as baterias. Precisamos de uma pausa pra fazer um balanço: O que foi bom? O que foi ruim? O que pode melhorar? O Ano Novo é um sedutor, ele joga aquele charme e acreditamos que ele será melhor que o velho (isso não se aplica a todas as coisas, fique registrado, olha só o George Clooney).

Este é o momento em que fazemos aquelas promessas no maior entusiasmo. Emagrecer “trocentos” quilos, viajar pra Europa (se não der vai Caldas Novas mesmo), economizar, trocar de carro, de casa, de parceiro, trocar o saco de lixo todo dia, e por aí vai... Parece bobeira, mas certos seres humanos se propõem a mudar as coisas, e conseguem. Então, porque não conseguiremos também?

Para dar uma apimentada no ano que inicia, fiz para minha família os Bombons da Sorte. Tipo um biscoito da sorte, só que no lugar de ensinamentos, provérbios ou sei lá o que, são sugestões de atividades pra fazer no ano seguinte. É uma forma de desafio. Pessoalmente tenho esta prática e acho importante a gente fazer algo diferente. Assim temos a oportunidade de aprender e conhecer coisas e pessoas novas. Caso você se interesse em fazer algo do tipo, veja uns exemplos de sugestões:

- Tirar fotos nos pontos turísticos da cidade

- Passar um fim de semana num hotel fazenda

- Jogar na Mega Sena toda semana

- Ler um livro por mês

- Ajudar um asilo ou creche

- Fazer uma nova receita a cada semana

- Aprender um idioma

- Aprender a tocar um instrumento

- Ir mais ao cinema

- Fazer um jantar especial para uma pessoa especial

- Praticar um esporte radical

- Frequentar teatros

- Dar e/ou receber massagens

- Colecionar algo

- Fazer terapia

- Frequentar uma academia

- Fazer um piquenique

- Tai chi chuan

- Fazer meditação

- Mudar o visual

- Repaginar a casa

- Cuidar de plantas

- Fazer um trabalho voluntário
- Dar uma festa
- Fazer aulas de dança



Tem mais coisas que não consigo lembrar, mas você pode incrementar o quanto quiser. Quanto aos bombons você pode comprar e colocar o papel dentro. Eu prefiro fazer os meus tradicionais bombonzinhos simples e caseiros, que são feitos assim:

- 01 lata de Nescau (400g)

- 01 lata de Leite em pó (400g)

- 02 latas de leite condensado



É só misturar, primeiro com uma colher, depois com a mão. Como gruda, é melhor besuntar a mão com manteiga. Não vai ao fogo. Depois de bem amassado é só fazer as bolinhas. Delícia!!!!



É isso, pessoal. Desejo muitas alegrias para todos neste ano que se inicia. Como não podemos ter só alegrias - já aprendemos isso com as dores da vida – que tenhamos força e coragem pra enfrentar as dificuldades. Recomeçar sempre, para melhorar o que foi bom ou para abandonar o que não nos serve mais.

Anita Safer


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Natal, Natal, Natal...

Foto: Érica
Natal chegando. Essa data tem significados diferentes pra cada um. O fato é que ninguém passa impune por ela. Muitas pessoas se tornam mais emotivas, solidárias, choram com filmes e propagandas. Outras ficam absolutamente enlouquecidas nos shoppings, comprando presentes de amigo oculto, amigo conhecido, nem tão amigos assim, parentes que também são amigos e presentes para crianças, também enlouquecidas - que sendo boazinhas ou nao ganharão presentes do "Papai Noel".
Existem também as pessoas que não acreditam no Natal, ou não gostam dele. Muitas ficam deprimidas nesta data, por se sentirem solitárias, por sentirem saudades dos que se foram.
Corais cantam - o meu já deu suas cantadinhas e deve cantar ainda mais.
Mas, como o blog é meu, falarei sobre o que representa o Natal pra mim. Já faz um tempo que deixei de ser a louca do shopping. Não cultuo mais o Natal consumista como antigamente.
Sinto muitas saudades dos Natais de quando minha mãe estava viva e todos nos reuníamos em sua casa. Ela reinava feliz, depois de passar o dia de bobs nos cabelos. A mesa era tão farta quanto o brilho nos seus olhos. Então ela dançava ao som de Renato Borghetti. A gente nunca é capaz de imaginar como certos momentos são mágicos e que algum dia serão apenas lembranças.
Hoje o Natal em minha casa é simples e básico. Um jantarzinho modesto. O Israel, meu netinho, é o eleito para ser presenteado. De resto, trocamos beijos e abraços. Em outro dia comemoramos com o resto da família. Fazemos um grande lanche. Neste dia acontece o famoso "mural de Natal". É um momento de descontração onde elegemos a maior besteira que foi dita durante o ano e premiamos o infeliz autor da atrocidade. Para citar uns exemplos:
"Adoro estas árvores que tem este cheirinho de APOCALIPSE" (leia-se eucalipto);
" O que eu mais me lembro do Natal é quando a gente monta o PRECIPICIOZINHO"  (presépio);
"Eu me lembrei do nome dele, mas não consegui lembrar da FILOSOFIA" (fisionomia);
"Ela só quer saber de luxo. Isso é pecado. Tipo LUXÚRIA". 
"Marcando uma consulta a atendente pergunta: Qual a especialidade? - GASTRONOMIA".
Tinha uma que tinha nojo da música da Kelly Key porque entendia: Vem, cachorrinho a SUADONA tá chamando... (Chegou a ganhar nosso Oscar por causa disso)
Por aí vai, uma infinidade de abobrinhas sem fim, que daria umas cinco páginas de barbaridades...rs. Preservarei as identidades dos autores das frases para poupá-los, e a mim também - já que vira e mexe sou participante do mural - do vexame público.
Então, chego à conclusão de que o Natal para mim é estar com a família.
Como sou cristã também é um tempo de reflexão, me recordo dos ensinamentos que são importantes e tenho a noção de como preciso melhorar como ser humano. Não sou miss pra desejar a paz mundial, mas desejo que todos possam viver em um mundo mais justo e digno. Que tenhamos coragem para enfrentar os reveses da vida. Também torço para que tenhamos um número maior de dias alegres que de dias tristes em nossas vidas. Feliz Natal, galera!

Anita Safer

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mudança nossa de cada dia



            De tempos em tempos reviso alguns conceitos que tenho. Acho que isso é natural à medida que o tempo vai passando e a existência apresentando novos elementos. Agora, quando começo a pensar na aposentadoria, me bate um sentimento que é um velho conhecido: o medo da mudança.
            Ai, meu Deus... É a frase que sempre me vem à cabeça - e quase sempre escapole pelos lábios - quando algo novo acontece e eu penso que não saberei lidar com aquilo. Pensando bem, tem algo positivo nesta frase, afinal, acho que no impulso, entrego nas mãos de Deus aquele problema que acredito não ser capaz de resolver. Acontece que muitas vezes nem são problemas, são situações que me tiram da minha zona de conforto. São transformações ao meu redor que desafiam a minha vontade ridícula de ter algum tipo de controle sobre as coisas.
            Ter medo é normal e saudável. Todo mundo sabe, já leu, já ouviu, já vivenciou que o medo é uma medida de proteção contra perigos. Mas, presta atenção, contra perigos. Mudar de trabalho, mudar de cidade, de atividade, de relacionamento não representa necessariamente um perigo, mas uma transformação, uma mudança. Muitas vezes o perigo está em continuar na mesma situação.
            O engraçado é que se eu tivesse algum poder para impedir que mudanças acontecessem, teria grudado no útero da minha mãe e não sairia de jeito nenhum. Isso não teria dado certo. Ela teria morrido na ocasião e eu não estaria aqui, filosofando comigo mesma.
            O I Ching, o Livro das Mutações diz: “... algumas mudanças afortunadas, no início, nos parecem inquietantes”. Quantas vezes passamos por mudanças na vida e pensamos que não sobreviveríamos a elas. No entanto percebemos, depois de um tempo, que chegamos a uma outra realidade e nos adaptamos perfeitamente a ela; para depois termos medo novamente de que esta nova realidade se transforme. É um círculo vicioso para medrosos, como eu.
Foto: Vítor Perotto
            O mais incrível é saber que a natureza nos mostra todo o tempo que é preciso mudar. A paisagem vai mudando com o passar dos anos, seja por ação do homem ou por ação do tempo. A gente nasce, aprende a falar, a andar. A gente fica adolescente, os hormônios nos transformam em uma bomba prestes a explodir. Nossos pais, por sua vez, se tornaram adultos e tem uma bomba nas mãos. Noutro momento nós somos os pais... Ou não, as trajetórias são tão diferentes. Mas cada um - independente do estilo de vida, dos seus preceitos religiosos, morais, escolhas amorosas – está em transformação constante.

             Para tentar domar meu medo de mudanças, procuro fazer uma atividade diferente a cada ano. Afinal, uma palavra que tem “dança” no final, não pode ser tão ruim assim. Então, opto por não pensar agora na aposentadoria. No momento em que ela chegar lidarei com ela, sabendo que é apenas mais um momento de transformação na vida. Então vou seguindo, me adaptando a outras tantas mudanças que se apresentam a toda hora; mas para aquelas que parecem difíceis demais de lidar eu não abro mão da minha frase célebre... Ai, meu Deus!!!!

Anita Safer

quinta-feira, 20 de março de 2014

Duras penas

Foto - arquivo pessoal

Minha amiga de trabalho, Cida, está cuidando de dois passarinhos que foram rejeitados após a caída de um ninho. Ela leva os dois pra todo lado, dentro de uma caixinha. Os alimenta com uma papinha própria através de uma seringa.
Foto - arquivo pessoal
Eu confesso que estou amando a presença desses dois queridos na escola. Quando ela não está perto e eles começam a reclamar de fome eu corro lá, me sentindo a própria substituta da mãe substituta. Eu os chamo de Zé e Mané. Um deles é todo esperto, cheio de si. O outro é bem menor e fraquinho. Sua perninha é meio aleijada e a respiração é sempre ofegante. Mas é um bravo guerreiro, pois está sobrevivendo, apesar de todas as dificuldades. Semana passada minha amiga teve que viajar e levou os dois. Uns dias sem vê-los e me surpreendi com o desenvolvimento que tiveram nesses dias. Voltaram mais fortalecidos. De vez em quando troco o nome dos dois. Sei quem é quem, mas sei que Mané é um nome usado de forma pejorativa, o que é uma maldade com um apelido carinhoso dado a tantos Manuéis que existem por aí. Fico observando o mais forte deles preparando pena por pena para o grande voo. Ele se ajeita vaidoso, se estica, bica as penas e se atreve a pular da caixinha para o fio do computador. O pequeno, depenado de dar dó, luta para manter a respiração constante, o equilíbrio "possível" em cima do fio e dá pequenos e desajeitados pulinhos do fio para o chão.
Isso lembra muito as pessoas. Umas são corajosas, fortalecidas, se preparam para se lançar rumo ao desconhecido. Outras estão debilitadas em algum aspecto, não se sentem seguras ainda. Todo mundo, acredito, tem uma certa bipolaridade neste sentido, somos corajosos em alguns aspectos e medrosos ao extremo em outros. 
Meu filho trouxe de São Paulo uns biscoitos da sorte. O meu dizia: O cabelo não cresce mais rápido se o puxarmos. Então o segredo é ter paciência e lidar pouco a pouco com as dificuldades que forem surgindo. Não importa se vamos voar logo ou não, a vida não precisa ser uma competição. Os passarinhos são um exemplo disso, eles têm a mesma meta, mas os caminhos e os tempos são diferentes para atingi-la. Bonitinho mesmo é que eles estão dispostos e lutando. Enquanto isso cantam, exploram o lugar e logo os veremos voando pela janela, deixando as mamães substitutas felizes e cheias de saudade.

Anita Safer

sábado, 18 de janeiro de 2014

Brasília e seus janeiros

                                                                       Foto: Liana Rocha

Quando é janeiro a cidade se cala. Assim sinto Brasília todos esses janeiros que tenho vivido aqui. Parece uma criança que tagarela o dia todo e quando dorme você olha pra ela e pensa, é tão linda dormindo, parece um anjo. Quando Brasília adormece podemos ver com calma sua beleza. O trânsito flui devagar e gostoso – ok, já foi melhor, eu sei. Os ônibus nos recebem com lugares diversos, vazios, convidativos – nem de todas as linhas, sei disso também, não precisa me lembrar. Mas nesta época reina uma atmosfera que faz com que eu repare em coisas que não reparo habitualmente. Um morador de rua está deitado no chão do ponto de ônibus. Ele lê livros didáticos que buscou nas estantes culturais do T-Bone. Com um toco de lápis ele tenta responder às questões dos livros. Ele também está usufruindo do momento parado da cidade. Na rede social vejo fotos e mais fotos de viagens. Muitos amigos que estão de férias  estampam seus sorrisos cheios de praia e sol. Brinco com as amigas dizendo que elas estão horríveis de sujas (na verdade estão com um lindo bronzeado, é que a invejinha me aflora um lado meio perverso... haha). Eu, como sempre, estou trabalhando nesta época. Antigamente odiava isso. Ter que trabalhar quando meus filhos estavam de férias?!?  Era o fim. Os filhos estão adultos e esta fase passou. Hoje vivo outro momento. Amo tirar férias fora de temporada. As coisas são menos caras. Os lugares estão mais vazios. Viajar é uma das coisas de que mais gosto na vida, uma forma boa de me conhecer melhor. Temos sempre a impressão de que um lugar diferente vá fazer com que a gente se sinta diferente. Isso nem sempre acontece, porque, normalmente, escolhemos as roupas e acessórios que estamos levando, mas não temos como selecionar nossa bagagem emocional. Minha avó dizia uma frase engraçada para esses casos - “Besta aqui, besta em qualquer lugar”. Não é o lugar que muda algo, é o que há dentro de nós que pode fazer com que nossos sentimentos sejam felizes ou não; independente de onde estivermos; porém, olhar outras paisagens quase sempre me inspira. Prefiro fazer minhas viagens de ônibus, justamente para acompanhar a mudança da paisagem, dos sotaques, das árvores, dos cheiros, das fisionomias. O mais divertido é fazer todo um planejamento e as coisas saírem sempre diferentes do planejado. É grande a possibilidade de as coisas não acontecerem exatamente como nós gostaríamos. Isso tem um lado positivo, podemos vivenciar situações inusitadas e agradáveis, que não aconteceriam se nossos planos tivessem vingado. De cada viagem uma lembrança. O suco maravilhoso de Aracaju, a comida de Blumenau, a deliciosa hospitalidade mineira em São João Del Rey, meus amigos de infância de Jundiaí em Caldas Novas (recém conhecidos), os dedos colados com aquela cola (que tudo cola) em Maceió... São Paulo... ah, São Paulo, deixou um gostinho de “quero mais”. Foram muitos os
lugares. Até mesmo Brasília já foi meu destino. Eu sei que moro aqui, mas queria ser turista, por isso me hospedei no Hotel Nacional – um sonho de infância – e avisei aos parentes e amigos que só me ligassem em caso de extrema necessidade; visitei os pontos turísticos da cidade, passeei com calma e admirei a arquitetura e o céu, lindos como nos cartões postais. Da minha “viagem” a Brasília, recordo-me com carinho das tardes nas livrarias, entre cafés e assuntos amenos com pessoas desconhecidas. Minha alma anseia pela próxima viagem, mas enquanto ela não chega vou usufruindo desta Brasília calada que meus amigos bronzeados e tagarelas deixaram por uns dias.

Anita Safer